Huambo – O director-geral do Instituto de Investigação Agronómica (IIA), João Ferreira Neto, admitiu, esta quinta-feira, no Huambo, que a baixa produção agrícola do país resulta da falta de conhecimento, um exercício que carece de maior aposta na investigação e nas tecnologias.
O responsável falava na Conferência de Investigação Agrária, que decorre até sexta-feira, no auditório da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade José Eduardo dos Santos, sob o lema “Pesquisa e extensão rural: factores indutores no aumento da produtividade agro-pecuária”.
Na ocasião, disse ser importante apostar seriamente na ciência e tecnologia, com o objectivo de garantir a segurança alimentar do país e, ao mesmo tempo, exportar, tal como fazem outros países, a exemplo da Zâmbia.
“Por mais que nós queiramos entrar com todo o tipo de argumenta, a agricultura é, também, ciência e isto tem que ser dito com toda a convicção, pois o país só não aumentou a sua produtividade, porque não possui conhecimento para tal (…)”, enfatizou.
Afirmou que Angola só não produz para exportar, porque falta introduzir, de facto, no sector da agricultura, o conhecimento, a tecnologia e a ciência no limite, embora, nos últimos dias, se esteja a trabalhar na articulação com outras instituições para inverter o actual quadro.
Por isso, adiantou que a instituição tem estado a desenvolver acções voltadas ao aumento da produtividade agrícola, enquanto a única saída para a garantia da segurança alimentar e nutricional, pois mesmo que se tenha uma elevada área cultivada, se os rendimentos por hectare forem baixos, nunca haverá uma produção necessária para alimentar o país.
João Ferreira Neto acrescentou que o Instituto de Investigação Agronómica conseguiu obter bons resultados em três culturas, com a introdução de novas variedades na cultura da mandioca altamente produtividades e que elevaram o rendimento por hectare de sete para 18 toneladas.
De igual modo, informou que a instituição tem um outro trabalho visível no domínio da massambala que, actualmente, vai representar a prazo um grande produto estratégico da segurança alimentar e nutricional, principalmente, em algumas regiões de Benguela, do Cuando Cubango, do Cunene e da Huíla.
Fez saber que o IIA produziu 21 toneladas de variedades precoces e altamente produtivas de massambala, com o objectivo de produzir sete quilos por hectare, para tornar a população do Cunene mais resiliente às alterações climáticas.
Um outro desafio, segundo o responsável, prende-se com a produção de novas variedades de milho, com a disponibilização de um nível de semente que os camponeses familiares podem utilizar ano após ano, através de uma grande articulação com o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) e com o sector privado.
Lembrou que a instituição recebeu, nos últimos tempos, um financiamento do Governo angolano de 25 milhões de dólares norte-americanos, que, embora esteja no fim, serviu para a revitalização do IIA, numa altura em está a trabalhar nas novas variedades do milho, como o ZM 523 residente à seca e que o capaz pode tirar, em condições de solos ácidos e de pouco adubo três toneladas por hectare.
Também, acrescentou, o Instituto de Investigação Agronómica tem trabalhado no domínio do arroz.
Por sua parte, o director do gabinete da Agricultura, Pecuária e Florestas na província do Huambo, Toni Camuti, disse que a 80 por cento da produção agrícola da região é suporta pelo sector familiar, que se debate com a falta de conhecimento no domínio do maneio dos solos, da mecanização agrícola, da comercialização e outros factores.
Disse que, apesar de existir o projecto de extensão rural e as escolas de campo, com o objectivo de ensinar as técnicas agrícolas aos produtores familiares, deve-se apostar cada vez mais na investigação científica, pois sem conhecimento não há produtividade.
O evento vai abordar, em três painéis, temáticas sobre o “Estado actual e desafios dos programas nacionais de investigação”, “Medicina Veterinária e Zootecnia” e “Fomento e sementes”.
Tutelado pelo Ministério da Agricultura e Florestas, o Instituto de Investigação Agronómica, sedeado no Huambo, conta com as estações experimentais agrícola nas províncias de Benguela, Cabinda, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Huíla, Luanda, Malanje, Namibe e Uíge, possuindo, cada uma delas, uma zona agro-ecológica. ALH