Luanda – Angola encaixou três milhões 567 mil e 500 dólares norte-americanos, fruto da exportação de 1 427 toneladas de café comercial (robusta Ambriz e Amboim) feita pelas empresas licenciadas, na campanha agrícola 2022/2023, representando um aumento de 37 %, em comparação com a safra homóloga.
O facto foi anunciado esta quarta-feira, em Luanda, pelo ministro da Agricultura e Florestas, António Francisco de Assis, durante a cerimónia de cumprimentos de fim de ano, que serviu para fazer o balanço das acções desenvolvidas em 2023 e apresentar as perspectivas do sector para 2024.
Segundo o governante, os principais destinos da exportação do café angolano foram Portugal, Marrocos, Espanha e Alemanha.
No período em referência, avançou, foram colhidas 6 229 toneladas de café, das quais 656 toneladas foram cultivadas pelo sector empresarial, registando uma variação de 19,7% em relação ao ano transacto.
A par da exportação do café, o ministro destacou também a venda de 18 mil quilogramas de cacau amêndoa no exterior do país, durante este ano, uma quantidade ainda abaixo do esperado, mas constitui um marco para o início da revitalização desta cultura.
Sem especificar o valor arrecadado com essa exportação, António Francisco de Assis referiu que foram produzidas e distribuídas 40 mil mudas de cacau, acção que originou o surgimento de novas áreas de fomento deste produto.
Afirmou que, para além da província de Cabinda, que é tradicional no cultivo de cacau, a produção desta cultura estendeu-se para outras províncias do país, como Zaire, Bengo, Uíge, Cuanza Norte e Cuanza Sul, facto que abre boas perspectivas para o aumento da produção, nos próximos três anos.
Produção agrícola cresce 6,6%
De acordo com o titular da pasta da Agricultura e Florestas, o ano agrícola 2022/2023 foi caracterizado com níveis de produção satisfatórios, tendo registado um crescimento global de 6,6%.
Nessa época, a produção de cereais foi de três milhões 357 mil e 136 toneladas, um crescimento de 5,3%, em relação ao ano agrícola anterior, com destaque ao empenho e dedicação dos produtores familiares e dos empresários, no cultivo do trigo e do arroz.
A título de exemplo, na campanha agrícola passada registou-se o aumento na ordem de 241% na produção do trigo e de 158% na cultura de arroz, fruto do engajamento dos produtores e acompanhamento do sector.
Na fileira de raízes e tubérculos, foram produzidas 13 milhões 743 mil e 973 toneladas, com um crescimento de 6,3%, comparativamente ao ano agrícola anterior. Nesta fileira, a cultura da mandioca continua a liderar.
Em relação as leguminosas e oleaginosas, foram produzidas 664 mil e 989 toneladas, um aumento de 3,7%.
Quanto as hortícolas, registou-se a produção de dois milhões 203 mil e 362 toneladas (crescimento de 11,5%), enquanto na fileira das frutas foram produzidas seis milhões 487 mil e 767 toneladas (aumento de 6,7%).
Em relação a cana-de-açúcar, foram produzidas um milhão 296 mil toneladas, que corresponde a 12,7% de aumento, em relação ao ano anterior.
No domínio das sementes, produziu-se internamente 1 965 toneladas de sementes, das quais 1155 de milho, 200 de feijão, 110 de soja e 500 de trigo, o que ainda representa um grau de disponibilidade reduzida para as necessidades do país.
Produção pecuária atinge mais de 341 toneladas de carne
Quanto ao sector da pecuária, de Janeiro a Dezembro do corrente ano, registou-se a produção de 341 mil 942 toneladas de carne, o que corresponde a um aumento de 6,9 %, em relação ao mesmo período do ano 2022.
No segmento avícola, foram produzidas dois mil milhões 761 milhões 610 mil e 586 unidades de ovos, o que correspondeu a 2,5% acima da produção registada no ano passado.
No âmbito do programa de fomento da avicultura familiar, foram distribuídos um total de um milhão 515 mil e 912 pintos da raça ‘Boschveld’ (galinha rústica) e ração. Neste domínio, tem sido prestada a devida assistência técnica às 60 mil e 636 famílias em todo país, com destaque para a província do Huambo, onde foram beneficiadas um total de 26 mil famílias.
Em relação ao leite, produziu-se seis milhões 311 mil e 88 litros deste produto (aumento de 12,4 %).
No quadro da investigação veterinária e vigilância epidemiológica, destacou-se o processamento de três mil e 29 amostras, com realce para as áreas de microbiologia, serologia e parasitologia.
No mesmo período, foram também produzidas 150 mil doses de vacinas contra a doença da newcastle, no laboratório de produção de vacinas do Lubango.
Ainda no âmbito da produção pecuária, está em curso a implementação do programa de fomento da suinicultura, nas províncias da Lunda Norte, Cuanza Sul, Cunene, Cuando Cubango, Bié, Benguela e Moxico, onde foram distribuídos, até ao momento, um total de 816 suínos de raça rústica melhorada, beneficiando mais de 195 famílias.
Ainda no quadro dos projectos de apoio à agropecuária familiar, pequenos e médios produtores, decorre a implementação dos programas financiados pelas instituições multilaterais, como o Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Familiar e Comercialização, Projecto de Desenvolvimento da Cadeias de Valor de Cabinda, Projecto de Reforço da Resiliência dos Agricultores Familiares e o Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Comercial.
Esses projectos são suportados por financiamento externo, que representam dívida para Angola, o que exige, obrigatoriamente, produzir os resultados preconizados e apoiar de forma directa os produtores nacionais, caso contrário deve ser reavaliado a pertinência da continuidade dos respectivos programas.
Sector florestal
Nesse domínio, marcado com o início da campanha florestal de 2023, foi lançado o regime de exploração florestal sob contractos de concessão, de modo a tornar obrigatório o cumprimento das medidas de florestação e reflorestação, bem como gestão sustentável dos recursos florestais.
Iniciou-se, igualmente, a fazer contactos exploratórios com uma das principais organizações mundiais independentes de certificação florestal, a FSC (Conselho de Gestão Florestal), com o objectivo de facilitar a inserção da madeira de produção nacional e seus derivados, nos principais mercados internacionais e valorizar a sua comercialização.
Por outro lado, o sector está a trabalhar com os Ministérios do Interior e do Ambiente, para a criação do Serviço Nacional de Guarda-Florestal e Faunística, que estará adstrito ao Ministério do Interior, com dependência metodológica dos Ministérios da Agricultura e Florestas e do Ambiente, para proteger a floresta e a fauna selvagem, bem como controlar a circulação e comercialização dos produtos florestais, faunísticos e apícolas. QCB