Ondjiva - Perto de duas mil e 500 famílias camponesas da província do Cunene foram inseridas, nos últimos 10 meses, em 74 escolas de campo, implementadas pelo Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
De acordo com o coordenador de projectos do FAO no Cunene, Humberto Alves, a implementação destas escolas de campo enquadra-se no Projecto de Fortalecimento de Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional (Fresan), que visa mitigar a carência de alimentos à população do sul de Angola.
Falando à Angop, a propósito do Dia Mundial da Alimentação, assinalado hoje , 16 de Outubro, disse que as escolas foram edificadas nas áreas onde a actividade agrícola é fraca devido ao problema da estiagem, de modo a ajudar as comunidades a desenvolverem técnicas científicas de produção.
A intenção, segundo o responsável é garantir a segurança alimentar e nutricional da população actualmente afectada pela seca e fome e incentivar os agricultores a criar novos hábitos alimentares, por via da produção de hortícolas e garantir a nutrição das crianças e adultos
Acrescentou que a intenção é também de formar técnicos nas boas práticas agrícolas, para contribuírem na melhoria da produtividade, atendendo o seu potencial neste segmento.
Humberto Alves disse que, a par da formação, às famílias beneficiaram no passado mês de Março de sementes diversas e instrumentos agrícolas, para aumentar a produção de cereais, hortaliças e tubérculos.
Indicou que o programa, com duração de quatro anos, prevê alcançar mais de 18 mil beneficiários directos no Cunene.
O mesmo é extensivo às províncias da Huila e Namibe, num valor global de 6,6 milhões de Euros.
Com esta acção, realçou que a FAO está a apoiar o governo angolano no seu programa de combate à fome e à redução da pobreza no seio das comunidades, diversificando assim as fontes de receitas das famílias.
Novo projecto na Forja
No âmbito da implementação de projecto de assistência emergências, a FAO procedeu, no passado mês de Setembro, o lançamento do Fundo Central de Resposta a Situações de Emergência das Nações Unidas (CERF), para atender às necessidades humanitárias mais graves das pessoas afectadas pela seca severa.
Para efeito, está a decorrer o cadastramento das famílias beneficiárias dos municípios do Namacunde, Curoca e Cahama, que serão inseridas em 15 novas escolas de campo.
Segundo Humberto Alves, o objectivo é melhorar a segurança alimentar das famílias afectadas pela seca, alcançando mais de 12 mil beneficiários directos.
Orçado em 400 mil dólares, o projecto, que esta ser desenvolvido igualmente nas províncias da Huila e Huambo, terá o prazo de execução de três meses, no sentido de mitigar os efeitos da seca com a entrega de meios de produção e sementes.
Sem precisar as quantidades, disse que a FAO atribui quantidades suficientes que possam garantir a produção de sementes de cereais, massango, milho, hortícolas e tubérculos , de modo a diversificar a produção e reforçar a dieta alimentar.
Fome afecta mais de 500 mil pessoas
Entretanto, dados do governo provincial do Cunene, indicam que 552 mil, 638 pessoas estão afectadas pela fome, em consequência da seca, que se regista no sul do país.
De acordo com o relatório, o fenómeno provocou à deslocação de milhares de famílias para os municípios da Cahama, Ombadja, Namacunde e Cuvelai, bem como a vizinha República da Namíbia, que abandonaram as suas residências, devido a falta de rendimento na actividade agrícola, fruto da ausência prolongada das chuvas nestas regiões.
Para fazer face à situação, o Executivo e parceiros canalizaram um milhão, 482 mil e 19 toneladas de bens alimentares, utensílios domésticos e roupas, destinados ao apoio às famílias afectadas.
Desde 1998, a seca afecta, ciclicamente, a região sul do país, principalmente a província do Cunene, mas em 2018/2019 este fenómeno foi o mais devastador dos últimos 24 anos da história.
A acentuada crise de 2018 atingiu 880 mil 172 pessoas e um milhão de cabeças de gado, causando a morte de 30 mil animais, entre bovinos, caprinos e suínos.
Sob o lema “As nossas acções são o nosso futuro”, o Dia Mundial da Alimentação foi estabelecido em Novembro de 1979, durante a XX Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, visando alertar para a necessidade da produção alimentar em função da problemática da fome, pobreza e desnutrição no mundo