Ndalatando – A empresária Virgínia Domingos José Mateus defendeu, recentemente, em Samba Lucala, maior financiamento à actividade agro-pecuária no país e na província do Cuanza-Norte, em particular.
Virgínia Mateus, que acredita no potencial agrícola do país para a diversificação da economia e combate à fome e à pobreza, considerou que as políticas de atribuição de crédito devem ser extensivas a agricultores individuais.
Há mais de 20 anos na produção agro-pecuária, a empresária anunciou contudo estar a constituir uma cooperativa para facilitar a captação de financiamentos para as suas actividades.
Advogou também maior atenção à mecanização agrícola, para permitir a extensão das áreas de cultivo, assim como o escoamento da produção.
“Há muita terra e muita vontade. O que falta é o reforço do apoio”, declarou.
Com uma área de cultivo de 495 hectares, dos quais cerca de 60 já produzidos, maioritariamente, de forma manual, a empresária diz que pretende alargar a produção para mais 60 hectares, mas se vê limitada por falta de máquinas.
Produtora de feijão em grande escala, numa área de 20 hectares, Virginia Mateus foi galardoada, este ano, como a "Rainha do Feijão", por ser a única agricultora, nas 18 províncias do país, que produz 18 variedade desta leguminosa.
O galardão foi entregue, em Outubro passado, pela ministra da Família, Igualdade do Género e Promoção da Mulher, durante as festividades do Dia Mundial da Mulher Rural, cujo acto central aconteceu na cidade de Ndalatando, capital provincial do Cuanza-Norte.
Como prémio recebeu motobomba, motoserra, sementes de hortícolas, charrua com atracção animal, carro de mão, fertilizantes e outros equipamentos agrícolas.
Na actual campanha agrícola 2024/2025, augura colher 15 toneladas de feijão, que comercializa nos mercados do 30, do Catinton e da Asa Branca.
Muitas vezes o produto é comercializado na fazenda, onde aparecem compradores, sobretudo, da República Democrática do Congo (RDC), que comercializam o feijão em outros paises.
Quanto ao preço, disse que no ano findo houve maior valorização, saindo dos anteriores 800 kwanzas para os actuais mil e 500 kwanzas o quilograma, ou seja, quase o dobro do valor praticado há dois anos.
Tal como o feijão, informou que o preço de outros produtos também registou uma valorização, facto que está a estimular a produção.
Actualmente com 15 trabalhadores, a agricultora prespectiva aumentar a força de trabalho para 35 ou 40, para corresponder à demanda da produção e fazer jus ao galardão de Rainha do Feijão.
Questionada sobre as vantagens da produção agrícola, para dar resposta aos individuos que ainda continuam cépticos, Virgínia Mateus afirmou, sem rodeios, que a “agricultura dá dinheiro”.
Apostando na agricultura, tem-se a vida realizada, sublinhou, afirmando que, por este motivo, as suas filhas também estão envolvidas nesta actividade, enquanto um dos filhos se formou no Instituto Técnico Agrário, em Ndalatando, para assegurar e dar continuidade ao projecto da família.
Acrescentou que outros se encontram a frequentar o ensino superior na cidade de Luanda, com os rendimentos que obtém desta actividade.
“Com uma tonelada de feijão já tens 1,5 milhão de kwanzas”, reforçou, indicando que em cada campanha agrícola, com duas épocas de produção e também no período seco, o camponês tem bom rendimento.
Para esta campanha agrícola, prevê colher 30 toneladas de mandioca, 15 de feijão, a mesma quantidade de cana-de-açucar, 10 de banana, cinco de abacaxi e outras fruticolas.
Em relação ao transporte dos produtos do campo para as áreas de cultivo, disse que, actualmente, por avaria da sua viatura, depende da Administracação Municipal de Samba Cajú, a jurisdição da sua fazenda, localizada na comuna de Samba Lucala.
Disse que, outras vezes, recorre ao aluguer de viaturas para escoar os produtos, para evitar a deteriozação dos mesmos, depois de ter perdido sete hectares de mandioca, que seria comercializada com ginguba.
Produção Pecuária
Quanto à produção animal, Virginia Mateus tem actualmente 35 cabeças de gado bovino, depois de uma peste que decimou mais de 400.
Virginia Mateus defendeu ainda apoio técnico aos agricultores e a vacinação regular do gado.
Disse ter necessidade de crédito para a compra de máquinas, transporte e reforço da manada de gado bovino, caprino e ovino. IMA/IZ