Luanda – A venda de produtos a um preço inferior ao do mercado, economicamente denominado “dumping”, está a agravar o estrangulamento do mercado do ovo, em particular, em Angola, denunciou esta sexta-feira, em Luanda, a empresária Elizabeth Dias dos Santos.
Em declarações à imprensa, à margem do espaço “CaféCIPRA”, a gestora da Fazenda “Pérola do Kikuxi” justificou a denúncia com o registo da entrada e comercialização de ovos importados, com preços mais baixos, em relação aos ovos produzidos no país.
“A Pérola do Kikuxi está a ser asfixiada pelo dumping, porque, infelizmente, ainda existe operadores a importar produtos auto-suficientes em Angola, praticando preços que não correspondem com a realidade do mercado nacional”, afirmou.
Segundo Elizabeth dos Santos, é necessário a criação de um “Plano estratégico de contenção e protecção ao sector produtivo”, para salvaguardar o aumento da produção nacional.
Na ocasião, a empresária apontou ainda os custos de produção e o actual conflito entre dois dos maiores produtores de cereais e soja no mundo, Rússia e Ucrânia, como outros factores que poderão impactar negativamente na actividade produtiva das empresas.
Quanto à produção, a fonte sublinhou que a Pérola do Kikuxi está a retomar os seus níveis produtivos de forma gradual, após ter sofrido com o impacto negativo da Covid-19, que assola o mundo desde finais de 2019.
Segundo a gestora, actualmente, a produção ronda os 600 mil ovos/dia, uma quantidade que ainda está abaixo da capacidade instalada da fábrica, estimada em um milhão de ovos por dia.
De acordo com Elizabeth dos Santos, a empresa prevê recuperar a capacidade máxima da sua produção até ao final deste ano, uma previsão, essencialmente, condicionada pelos custos de produção e os factores externos, como o conflito entre as nações exportadoras de matérias-primas.
“Actualmente, o custo de produção ronda os 64 kwanzas/ovo, sem contar com os preços da ração, pagamento de salário e impostos, entre outros custos, mas o produtor é obrigado a vender o ovo a 55 kwanzas, facto que não compensa a actividade”, destacou.
Promovido pelo Centro de Imprensa da Presidência da República de Angola (CIPRA), os participantes à segunda edição do espaço CaféCIPRA - diálogo sem mediação debateram sobre “Fomento da produção nacional e a sustentabilidade da Reserva Estratégica Alimentar (REA).
O respectivo debate, que contou com a participação de empresários, jornalistas, entre outros convidados, foi dirigido pelos ministros da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, Agricultura e Pescas, António Francisco Assis, assim como o coordenador da REA, Eduardo Machado.
A primeira edição do diálogo sem mediação denominado CaféCIPRA aconteceu em Fevereiro último, com o tema “Diplomacia económica: balanço e perspectivas”.