Cuvango – Cerca de 50 hectares estão a ser semeados com trigo, desde esta segunda-feira, no município do Cuvango, província da Huíla, um processo que marca o relançamento da produção do grão nesta localidade, paralisada há mais de 40 anos.
O Cuvango já produziu trigo entre os anos 70 e 80, mais precisamente nas áreas da Missão Católica, Catala, Galangue, Nhara de Galangue, Liapeca e Mumba, onde a cada época saíam perto de 12 mil toneladas, mas o conflito armado interrompeu a produção durante vários anos.
A retoma na produção foi assumida pelo fazendeiro Rui Kapose, da fazenda Agrikuvango, por sugestão do Ministério da Agricultura e Florestas, dada as potencialidades climáticas do município.
No acto de relançamento da produção, o administrador do Cuvango, Luís Marcelo Ndala, considerou importante a política de fomento, sobretudo na relação entre o Governo Provincial, Ministério da Agricultura e Administração Municipal, que vai ajudar a retoma da produção do trigo.
Disse haver muitas famílias interessadas na produção, pelo que se está a mobilizar insumos para tornar o processo massivo, sublinhando que o relançamento é catalisador para congregar outros agricultores.
“Há um estudo que está a ser feito, e, a partir daqui, já contactámos os antigos produtores. O Cuvango assumirá a liderança da produção de cereais, sobretudo do trigo”, frisou.
Por sua vez, o director-geral da fazenda Agrikuvango, Geovany Caetano, disse ser um desafio para o grupo, pois há uma “forte ambição” e o empreendimento vai aproveitar a experiência para ganhar maturidade na produção de um cereal “quase esquecido” na Huíla.
Afirmou que o terreno é propício, a época do ano também e as condições climatéricas são favoráveis, pelo que disse acreditar no sucesso da campanha que até Agosto espera colher 500 toneladas que servirão de semente para dar aos agricultores.
“Para o trigo e com a variedade de semente que estamos a testar, faremos três culturas anuais e esperamos que até ao final do ano cheguemos às 1.500 toneladas”, disse.
Iniciativa pode estimular Executivo a contemplar Huíla no Planagrão
Na mesma senda, o assessor do ministro da Agricultura, Walter Demba, disse tratar-se do início de uma experiência piloto que pode estimular o Executivo a contemplar a Huíla no Planagrão.
Salientou que a aposta na produção de trigo começou em três províncias, designadamente, Benguela, Huambo e no Bié, e fruto das condições climáticas, chegou à Huíla, daí que se seleccionou a fazenda Agrikuvango para relançar a actividade.
Sublinhou que o ministério, juntamente com a Administração Municipal do Cuvango, está a fazer um levantamento dos agricultores e aferir a aptidão destes em abraçar a actividade, para depois da colheita fazer-se a disseminação da prática nas famílias.
“É uma oportunidade soberana para que a província possa beneficiar do Planagrão, visto que há potencial e disponibilidade para que o sector empresarial, a administração municipal, o Governo da Huíla e os agricultores desenvolvam a actividade”, assinalou.
A Agrikuvango está instalada no município do Cuvango desde 2017, numa área aproximada de cinco mil hectares, dos quais mil e 200 estão actualmente destinados à produção de milho, soja e feijão, mas só metade tem recebido a sementeira, pois há necessidade de novos investimentos.
Actualmente, tem 147 empregos directos criados e mais 250 sazonais, aprovisionados sobretudo em épocas de colheita. MS