Ndalatando - O governo da província do Cuanza Norte está a trabalhar num projecto que visa preservar a base genética da variedade de café robusta (conhecida como café Cazengo), visando a manutenção da espécie.
A informação foi prestada hoje (quinta-feira), pelo director do Gabinete Provincial da Agricultura, Florestas e Pescas, Fernando Humberto Mesquita, que adiantou que a iniciativa insere-se na estratégia do governo local de fomento de algumas culturas comerciais, com realce para o café e o cacau.
Explicou que o café robusto, além de ser uma variedade nativa, possui grande valor comercial mundial. O projecto consiste na multiplicação de mudas desta variedade de café em parceria com uma fazenda, na comuna de Cambondo, município do Golungo Alto.
A referida fazenda tem, neste momento, 350 mil mudas em viveiro, para o plantio na própria fazenda e distribuição aos cafeicultores da província.
Dados monstram que existem no planeta 60 variedades de café, sendo a arábica e a robusta as mais comercializadas e consumidas mundialmente.
Ambas as espécies são originárias da África, mas os grãos da arábica são da Etiópia e os de robusta de Angola, Congo e Guiné.
A produção cafeícola do país é, essencialmente, baseada nestas duas variedades, sendo a robusta a mais cultivada, segundo o também engenheiro agrónomo.
As plantas de café robusto são mais resistentes às pragas, crescem em altitudes menores e produzem em menos tempo.
Ao contrário, o Arábica deve ser cultivado em altitudes mais elevadas, clima mais ameno e exige cuidados especiais.
O café robusto, acrescentou, é, ainda, valorizado para a composição de blends (mistura de diferentes variedades de grãos para obtenção de aromas para cafés especiais na indústria de café solúvel).
Afirmou que este trabalho está a ser, também, realizado em combinação com o projecto Mukafé, que se propõe a produzir 10 milhões de mudas, inicialmente para cafeicultores dos municípios do Golungo Alto e Quiculungo.
Anunciou, por outro lado, o lançamento, para breve, do programa “Café Jovem”, no Cuanza-Norte, visando atrair esta franja para o cultivo de café praticado, actualmente, maioritariamente, por pessoas de idade avançada.
O programa vai financiar, com o apoio do FADA e do Mukafé, 100 jovens por município que queiram aderir à produção de café.
Presentemente, a província conta com cerca de 800 produtores e mais de mil hectares de terra cultivados com café.
“O objectivo é resgatar a tradição cafeícola da província, reactivar esta cultura que esteve adormecida muitos anos e fazer com que o Cuanza Norte volte a integrar a lista dos maiores produtores de café do país”, disse.
A província foi, até 1975, o terceiro maior produtor do país.
Além do café, está, também, em curso na província, o projecto do fomento da cultura do cacau, com o apoio do Programa de Desenvolvimento da Agricultura Comercial (PDAC).
Nesse momento, a província possui 100 hectares cultivados de cacau em quatro fazendas.
História do café robusta
De acordo com informações apuradas, a descoberta do café robusta em Angola remonta, entre 1854 e 1856, no seguimento das missões botânicas no Cuanza Norte, no início do século XIX, lideradas pelo botânico austríaco Friedrich Welwitsch, inserida na concepção de conhecimento do território.
A sua estadia em Angola, entre 1853 e 1860, permitiu o reconhecimento de milhares de espécies de flora, com interesse agrícola.
Das amostras que recolhe nas florestas do Golungo Alto, entre 1854 e 1856, onde fixa residência, encontra-se a planta “rubiácea coffea canéfora”, que está na origem do café robusta. DS/IMA/YD