Andulo - Os maiores criadores de gado no município do Andulo, província do Bié, aguardam, há mais de três anos, por créditos bancários, com vista a repovoar as suas manadas e assim continuarem a sustentar o mercado interno, com o fornecimento de carne, quer bovina quer suína.
Em entrevista à ANGOP, o criador Paiva Horácio, responsável da fazenda Nambelo, fez saber que há cerca de três anos espera por uma resposta do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA), onde solicitou pouco mais de 500 milhões de Kwanzas, dois tractores e suas respectivas alfaias.
"Até hoje não temos resposta alguma. Digo que continuamos sem pernas para andar", lamentou.
Neste momento, a sua fazenda tem um efectivo de 73 animais. O número já foi maior, por isso carece de pelo menos um mil milhão de Kwanzas para a compra de mais bois, abertura de tanques para banho e bebedouro, mudança do capim na área de pasto, vacinas entres outros meios de sobrevivência dos mesmos.
Por outro lado, disse que, actualmente, tornou-se um pouco difícil persistir neste negócio, em função da pouca procura pelos animais, face ao fraco poder de compra das famílias.
Realçou que, infelizmente, a carne é um alimento ainda caro em Angola, exemplificando que uma cabeça de boi, actualmente, compra-se a quinhentos mil Kwanzas.
Com uma extensão de 17 mil e 28 hectares de terras, dividida nas localidades de Cangalo e Calussinga, a fazenda Nambelo está vocacionada também na produção de banana e milho.
De acordo com o seu proprietário, tem preparado na presente campanha agrícola 20 hectares, onde plantou o milho, na perspectiva de vir colher mais de sessenta toneladas do cereal.
Quanto à banana, disse que planta a fruta de forma regular em oito hectares onde consegue retirar cerca de 180 cachos todos os meses, que são vendidos também para os mercados de Malanje, Luena e Luau, na província do Moxico.
Outro criador de gado, Augusto Waleca, proprietário da fazenda Agropecuária com o mesmo nome, queixou-se, igualmente, de financiamento para alavancar os projectos, consubstanciados também no aumento dos animais, para poder garantir com alguma regularidade o fornecimento da carne às famílias.
Lançou-se no mercado em 2006, na altura com 150 mil Kwanzas do capital inicial, onde comprou duas cabeças de bois a partir de Xangongo (Cunene).
Disse que na época o preço de cada animal, a depender do tamanho, rondava em 35 a 40 mil Kwanzas, contra os 500 mil Kwanzas actuais.
Contou que, neste momento, dispõe apenas de 37 ovelhas, 13 cabritos e 15 bois, dos 37 que tinha até Janeiro deste ano.
Por falta de dinheiro para manter o curral, o fazendeiro também foi vendendo os animais mediante a necessidade, principalmente de três filhos que frequentam o Ensino Superior no Huambo e em Luanda.
Para colmatar algumas dificuldades e levantar o negócio, solicitou também ao Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA) um empréstimo de 50 milhões de Kwanzas em 2021, estando sem resposta até a presente data.
Com o valor, Augusto Waleca pretende aumentar o número do gado, pelo facto de os animais ajudarem também no processo de preparação da terra, com auxílio da charrua, e compra de diversos meios de apoio à fazenda.
Precisa também de pelo menos dois tractores e charrua, pois tem pago o aluguer dos meios a 83 mil Kwanzas por cada hectare trabalhado.
Com uma extensão de 193.12 hectares de terras, utiliza apenas 25 hectares, para a produção da batata-rena, feijão, trigo, milho e soja. LB/PLB
