Saurimo – Os camponeses associados em cooperativas e que trabalham isoladamente sugeriram, hoje, em Saurimo (província da Lunda Sul) a realização da feira agrícola quinzenalmente para permitir maior volume de vendas e trocas de experiências entre agricultores mais e menos experientes.
Esta posição foi manifesta por vários camponeses que participam na feira agropecuária, aberta terça-feira, pelo administrador municipal d Saurimo, Neves Romão, no quadro dos festejos do 65º aniversário da cidade.
Os camponeses disseram à ANGOP que seria uma mais-valia a realização da feira agrícola quinzenalmente, a fim de contribuir na arrecadação de mais recursos financeiros e quiçá ajudar na compra de outras espécies de sementes melhoradas para o plantio.
A Fazenda “Ikuma” apoia esta ideia, pois os camponeses já têm tido dificuldades enormes para escoar produtos, bem como de um mercado propício nas zonas rurais para a comercialização do que produzem, e seria uma grande oportunidade de se vender mais nas feiras.
Aliado a isso, outra dificuldade prende-se com a falta de transporte e a cobrança avultada de valores para o aluguer de tractores para preparar terra. Tudo isto concorre para que os produtos se estraguem e a vida das famílias camponesas se torne mais difícil.
Já, o presidente da cooperativa “Txite-Sombo”, Simão Samacaca, enalteceu a realização da feira agropecuária, mas lamenta o facto desta acontecer apenas em efemérides, daí que, a sua realização deve ser quinzenalmente, para permitir que seja comercializado todo um conjunto de produtos estacionados no campo.
Por exemplo, citou, “trouxe a esta feira duas toneladas de banana pão, seis de abacaxi, mas a procura tem sido pouca, porque maior parte dos funcionários públicos e privados não têm salários, correndo risco de regressar com os produtos nos últimos quatro dias restantes.
A cooperativa controla 34 membros, entre ex-militares e trabalham numa área de 40 hectares manualmente, pelo que pedem a administração municipal o apoio de máquinas para trabalhar a terra, uma vez que manualmente tem sido difícil por causa da idade de alguns associados.
Simão Samacaca fez saber que a grande aposta da sua fazenda tem a ver com a criação de gado, entre os quais caprinos, aves e suínos. Na campanha agrícola 2020/2021 prevê colher 10 toneladas de abacaxi, oito de mandioca e outras frutas diversas.
Marcos Miguel, camponês individual, corrobora da ideia da realização da feira quinzenalmente, porque vai permitir comercializar mais e obter dinheiro necessário para aquisição de outras culturas agrícolas.
Afirmou que tradicionalmente cultiva a mandioca, banana pão e de mesa, couve e que pretende apostar no milho melhorado, pepino, cenoura e tomate, porque são produtos mais procurados nos mercados da região.
Participam da feira, que se enquadra nas festividades do 65º aniversário de Saurimo, a assinalar-se a 11 de Novembro, 70 expositores provenientes dos municípios de Saurimo, Dala, Muconda e Cacolo, com diversos produtos.
Entre outros produtos estão em exposição produtos como ananás, mandioca, batata-rena e doce, milho, tomate, cebola, banana pão e de mesa, pimento, couve, repolho, quiabo, jindungo, abóbora, cana-de-açúcar e peixe tilápia local.
A província da Lunda Sul é rica em recursos hídricos e reúne condições ideais para o cultivo de outras culturas como arroz, milho, batata-rena, batata-doce, ananás, banana, manga e hortícolas, sendo a mandioca a produzida em grande escala.
Nessa região do Leste, a maior produção recai para a cultura da mandioca, que ocupa uma área de cultivo de mais de 71 mil hectares, com previsão de colheita de 200 mil toneladas.
Segue-se a batata-doce e o milho, produzidos numa área de 12 mil 559 hectares, com previsão de colheita de 33 mil 268.
Na presente campanha agrícola, o Gabinete da Agricultura e Pescas prevê colher 333 mil 528 toneladas de produtos diversos.
Enquanto em 2019/2020, foram colhidas a nível da província, 1 666 toneladas de milho, numa área cultivada de três mil 332 hectares e 139 mil 977 toneladas de mandioca.