Ondjiva – O representante do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), Osvaldo Fonseca, pediu esta segunda-feira, no Cunene, às instituições no sentido de facilitarem a cedência de processos de legalização dos espaços para o fomento da agricultura.
Esta recomendação foi transmitida durante o Fórum Económico sobre “Condições de acesso aos programas de financiamento nos âmbitos do Planagrão, Planapecuaria e Planapesca”, que juntou empresários na cidade de Ondjiva.
Na dissertação do tema, Osvaldo Fonseca disse que o BDA conta com mil e 574 mil milhões de kwanzas, para financiar a produção de cereais, desde que tenham requisitos aceitáveis para o efeito.
“O maior problema que dificulta a cedência de créditos aos produtores, consiste no atraso da apresentação da documentação da legalização dos espaços que se pretende produzir, que é uma das exigências do banco”, explicou.
Osvaldo Fonseca disse ser necessário que os governos provinciais, sobretudo as instituições da Justiça, sejam mais céleres na cedência destes processos para possibilitar os produtores terem os seus empréstimos em tempo oportuno.
Durante o fórum económico que juntou a classe empresarial e membros da sociedade civil, abordou ainda o tema sobre “Técnicas de gestão e conservação de canais de irrigação”.
Na ocasião, o representante do Ministério da Agricultura e Pesca, Avelino Mussande, disse que uma das estratégias na gestão dos canais de irrigação é a formação dos produtores, financiamento e distribuição de água através de tomadas.
Acrescentou que estes beneficiários devem estar congregados em cooperativas e associações comunitárias devidamente legalizadas para o seu desenvolvimento integral e sustentável.
Por seu turno, a governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, destacou a importância do Fórum Económico, que visou reflectir as componentes que concorrem para o desenvolvimento socioeconómico da província.
Referiu que foram abordados temáticas de interesses para o sector produtivo empresarial, por enquanto segmentos indispensáveis na diversificação da economia nacional.
“Com estas matérias, estão dotadas de conhecimentos sobre procedimentos de acesso às linhas de financiamento dos programas de fomento à produção de cereais e de gado, com vista a garantir a segurança alimentar e nutricional”, realçou.
A governante incentivou os produtores locais a aderir aos programas de fomento agro-pecuário, visando estimular a produção de cereais e outras culturas de consumo da população.
Com o PLANAGRÃO, cuja implementação arrancou este ano, pretende-se o aumento da produção daqueles cereais para mais de seis milhões de toneladas até ao ano de 2027, contra as três milhões e 26.140 produzidas em 2021.
O Plano tem como foco as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Cuando Cubango, embora as restantes províncias também entrem na conta. Será financiado pelo Estado, através do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) e o Fundo Activo de Capital de Risco Angolano (FACRA) e desenvolvido pelo sector privado.
No Plano Nacional de Grãos (PLANAGRÃO), o Executivo vai investir, nos próximos cinco anos, 5,7 mil milhões de dólares, para produzir 6,1 milhões de toneladas de trigo, arroz, soja e milho, com o objectivo de aumentar os índices de produção agrícola no país.
Já no PLANAPESCA, há previsão de um crescimento médio anual da produção pesqueira na ordem dos quatro por cento e do sal em 15 por cento, perspectivando-se que a produção pesqueira passe das actuais 596 mil toneladas para 750 mil toneladas em 2027 e a produção do sal ultrapasse as 201 mil toneladas para cerca de 472 mil toneladas em 2027.
O Plano Nacional da Pecuária (PLANAPECUARIA) tem como objectivo aumentar a produção de carne bovina para 110 mil toneladas, suína para 120 mil, caprina para 310 mil e ovina para mais de 240 mil toneladas, entre outros.
Os referidos planos estão associados ao Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI).
A realização do fórum económico enquadra-se nas festividades do 10 de Julho de 1970, data em que se deu a separação do Cunene da região do então Conselho Administrativo da Huíla.
Este ano a jornada decorre sob o lema "53 anos de Unidade, Trabalho e Progresso", e contempla um programa, que inclui inaugurações de empreendimentos económicos e sociais, realização da feira agro-pecuária e industrial, leilão de gado, actividades recreativas, desportivas e religiosas.PEM/LHE/BA