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Aumento da desflorestação põe em risco a fauna e flora angolana

     Agricultura              
  • Luanda • Sexta, 22 Março de 2024 | 00h26
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Floresta
Floresta
Laite Tito-ANGOP
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Floresta do Maiombe (Cabinda)
Floresta do Maiombe (Cabinda)
João Cuti-ANGOP

Luanda – Numa altura em que o mundo celebra o Dia Internacional das Florestas, assinalado esta quinta-feira (21), Angola tem o desafio de traçar as melhores estratégias para combater o abate indiscriminado de árvores e animais, nas principais zonas florestais do país.

Em Angola, o fenómeno de desmatamento florestal tem ganhado proporções alarmantes e preocupantes, com o aumento constante da exploração anárquica e desregrada da fauna e flora, pondo em risco a vida selvagem de diversas espécies, segundo o administrador do Parque Nacional do Maiombe, José Bizi.

A província de Cabinda, por exemplo, é uma das zonas da Região Norte do país que tem sido vítima da desmatação desenfreada da sua maior floresta do Maiombe, uma prática que tem provocado a migração dos seus recursos faunísticos, como elefantes, gorilas, chimpanzés, papagaios, entre outros.

Em entrevista à ANGOP, no âmbito do Dia Internacional das Florestas, José Bizi revelou que o Parque Nacional do Maiombe está perder viários hectares da sua floresta, devido à exploração irracional de madeira e agricultura itinerante praticado pelos aldeões.

Por outro lado, o ambientalista Daniel Luemba considerou que a devastação da vegetação está acontecer em quase todo território nacional, sendo as consequências visíveis, com destaque para as altas temperaturas, secas, chuvas torrenciais acompanhados de trovões e de fortes ventos, entre outras manifestações ambientais.

O especialista apontou alguns exemplos concretos em Cabinda, onde as zonas do Morro do Tchizo, Lombo-Lombo, Cabassango, Simulambuco, Icazo, Luango e São Vicente, que no passado eram áreas florestais, mas actualmente tornaram-se locais de assentamento populacional.

Segundo Daniel Luemba, a redução significativa da vegetação nessas localidades tem permitido que as chuvas arrastem as terras para as zonas baixas da cidade, provocando a danificação das estradas, redes técnicas de drenagem das águas.

Por essa razão, o ambientalista defende a necessidade de se aplicar, com rigor, as leis e normas que regem a exploração de recursos florestais, no sentido de se desencorajar práticas ilícitas.

Já o administrador do Parque Nacional do Maiombe, José Bizi, disse que, para inverter o actual quadro,  as autoridades locais têm realizado várias palestras sobre educação ambiental, conservação e protecção dos ecossistemas.

A fonte considerou também ser necessário que todos os cidadãos interessados em explorar recursos florestais a adquirir licenças junto das instituições a fins, para serem orientados e aproveitarem os produtos de forma racional e sustentável.

De acordo coming o gestor do parque, a floresta do Maiombe e tropical húmida, com capacidade de regeneração, quando os homens usam de forma racional.

Parque Nacional do Maiombe tem uma extensão de 195 hectares e estende-se no espaço compreendido entre a comuna do Nhunca, município de Buco Zau, e do Miconge (Belize).

Cuanza-Norte

A par de Cabinda, os actos de desmatamento florestal também têm atingido níveis alarmantes, com o aumento considerável de abate de árvores de diversas espécies.

De acordo com o responsável do Departamento de Gestão de Resíduos Sólidos do Gabinete Provincial do Ambiente, Isaac Francisco, essa prática verifica-se em todos os municípios da província,  onde regista-se actividades agrícolas, exploração de madeira, produção de carvão vegetal e queimadas das florestas por prática da caça.

Essas acções, pontualizou, têm acelerado a extinção de várias espécies de árvores e animais, aumentando, igualmente, as alterações climáticas.

Em consequência de práticas danosas, alertou, florestas vão ficando sem oxigénio, recurso  fundamental e indispensável para a respiração, humana, animal e vegetal.

Além disso, acrescentou que o derrube indiscriminada de árvores propicia também as alterações  climáticas,  numa altura em que os Estados têm o compromisso de reduzir a temperatura do ar em 2,5 graus célsius até ao meio do século XXI e em 1,5 graus centígrados até o final deste período.

Para reverter a actual situação do desmatamento florestal, Isaac Francisco disse que as autoridades locais têm realizado palestras de educação ambiental, acções de defesa e protecção ambiental, plantação de árvores, criação de zonas verdes, campanhas de limpeza e recolha de resíduos sólidos nas zonas urbanas, periurbanas e rurais.

Por sua vez, o director do Gabinete Económico Integrado do Cuanza-Norte, Fernando Mesquita, apela aos munícipes a observância das normas que visam a protecção e conservação da floresta, no sentido de se evitar constantes alterações climáticas.

Apontou o município de Cambambe, por exemplo, como uma das zonas mais quentes do país, cuja destruição da sua flora tem estado a acelerar o aumento da temperatura, assim como provocado inundações no rio Kwanza e outros.

Referiu ainda que a prática da produção do carvão vegetal pelos munícipes também tem estado na base desses fenómenos que merecem uma reflexão profunda dos cidadãos.

A comemoração do Dia Internacional da Floresta, na província do Cuanza-Norte, foi marcada com a plantação de mais de 200 árvores da espécie olívio negro, nos  bairros Quissanga, Alvalade, Cerámica, assim como no hospital municipal e a Avenida Marginal.

Em 1971, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) criou o Dia Mundial das Florestas, com o objetivo de conscientizar a respeito da importância dos ecossistemas florestais. A data escolhida foi 21 de Março, que marca o primeiro dia da primavera nos países do hemisfério norte.

Posteriormente, em 2012, foi aprovada, na Assembleia Geral das Nações Unidas, uma resolução que instituiu o dia 21 de Março como o Dia Internacional das Florestas. A partir de então, ficou estabelecido que o secretariado passaria a organizar, com os governantes, as comemorações dessa data. 

Estratégias para protecção florestal

A protecção do ambiente e das espécies da flora e da fauna constituem um dos compromissos do Governo angolano, que tem vindo a melhorar, gradualmente, as suas estratégias de amparo de mais de 100 espécies ameaçadas de extinção.

No que toca às árvores ameaçadas pela extinção, no país, estão catalogadas a moreira, munguba, muanza, mufumeira, munguela, mogno, pau-preto, pau-ferro, a kitiba e munguela, devido ao excesso na sua exploração e abate para fins diversos, segundo dados das autoridades angolanas.

Em relação à classe das plantas, surgem a welwitchia mirabilis, mupanda, nfumbua, pau de Cabinda, palmeira real, makakata, mangais vermelho e preto, kababa-ohia, consideradas vulneráveis, devido à exploração desregradas e à poluição das águas.

Na mesma senda, além da preservação dos animais em via de extinção, como o mabeco, a hiena malhada, protelo, leão, onça, zebra, gorila, búfalo vermelho, chimpanzé e o manatim, o Governo tem trabalhado para conter a caça furtiva e o desmatamento das florestas, bem como combater as ravinas e a exploração insustentável dos recursos naturais.

Adicionalmente, o Governo tem direccionado a sua estratégia à melhoria da protecção da Palanca Negra Gigante (uma das mais simbólicas espécies do país), assim como da garça de garganta vermelha, papagaio cinzento, babuíno, tartaruga de couro e o pangolin.

Dados oficiais indicam ainda que o país conta, actualmente, com três espécies de animais selvagens extintos, 29 ameaçados pela extinção, 100 vulneráveis e 18 espécies invasoras, por causas naturais do ecossistema ou devido à acção do homem. JFC/EFM/ML/QCB





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