Ebo – A ong belga APOPO está desde hoje a implementar um projecto-piloto de agricultura florestal sintrópica na comunidade do Caiombo (Ebo), província do Cuanza Sul, numa área desminada de 500 metros quadrados, no âmbito de um programa de ajuda às famílias camponesas na circunscrição.
O projecto conta com um financiamento de cinco mil Euros, do Reino da Bélgica, e para assegurar a sua implementação a ong formou 35 indivíduos em exercícios práticos, entre técnicos da Estação de Desenvolvimento Agrário e camponeses locais, que, durante três dias, aprenderem técnicas de produção agrícola, com recurso a componentes orgânicos.
A agricultura sintrópica é um sistema agro-florestal caracterizado pela organização, integração, equilíbrio e preservação de energia no ambiente.
O director da ong APOPO em Angola, Manuel Agostinho, disse que o projecto-piloto terá um período de avaliação de três meses, com o acompanhamento das comunidades.
Findo o referido período, explicou, volta a Angola o agrónomo holandês residente no Quénia, Roland Van Reenen, formador do grupo que terá a responsabilidade de replicar o projecto nas demais comunidades da província.
"A iniciativa visa ajudar as famílias camponesas das zonas onde se realizou trabalhos de desminagem, a cultivarem diversos produtos, utilizando técnicas mais sustentáveis, quer do ponto de vista de redução de custos com insumos industriais, quer do equilíbrio ambiental, tendo em conta o facto de ser uma agricultura caracterizada pela aplicação de adubos orgânicos, entre os quais esterco, palha ou serradura e outros produtos de origem animal e vegetal", disse.
Sobre a escolha do local de implementação do projecto-piloto, esclareceu que “as condições favoráveis a prática da agricultura sintrópica e outros factores de produção estiveram na base da selecção do município do Ebo para este ensaio, que deverá abranger diferentes regiões da província, com acções formativas e experimentação deste modelo de produção, por parte dos camponeses certificados”.
Apesar dos camponeses e os técnicos das EDA estarem engajados nas actividades referentes à segunda época do ano agrícola 2023/2024, disse que “a formação sobre agricultura sintrópica vem reforçar este engajamento, numa altura em que para o município do Ebo, por exemplo, a preocupação prende-se com o envelhecimento dos solos, aliada à alta dos preços dos insumos agrícolas, com destaque para os fertilizantes”.
Na ocasião, o administrador municipal adjunto para o sector Económico e Financeiro do Ebo, Manuel Lay Luciano, reconheceu que os solos, em várias zonas do município estão envelhecidos e acredita que o trabalho da APOPO e seus parceiros reforça as acções da administração local neste sentido, tendo em conta as vantagens da agricultura florestal sintrópica.
A APOPO – Desenvolvimento de Produtos para Remoção de Minas Terrestres Anti-pessoal é uma organização não governamental belga vocacionada, essencialmente, ao treinamento de ratos da espécie cricetomys ansorgei para detectar minas terrestres e tuberculose.
Em Angola, a APOPO trabalha para Ajuda Popular da Noruega (APN) desde 2012.
Nos últimos nove anos, 31 ratos ajudaram a maquinaria pesada e pessoas com detectores de metais a desminar campos em Malange e Zaire. LC/AC