Lubango - A necessidade de investir-se mais, de forma integrada, na investigação, na formação académica, na assistência técnica e na extensão rural, para melhorar a literacia na agricultura, foi defendida pelo agrónomo e especialista em reprodução de sementes melhoradas, João Saraiva.
Em declarações à ANGOP hoje, sexta-feira, nesta cidade, disse que esses elementos limitam consideravelmente o desenvolvimento da agricultura no país, pois os problemas actuais não se cingem à falta de técnicos, mas, também, na questão do know how.
Declarou que o conhecimento tido sobre as técnicas e tecnologias agrícolas está “muito longe” daquilo que é a divisa do conhecimento global e das tecnologias tropicais, necessárias para o crescimento e sustentabilidade de qualquer país.
“Se for para avaliar aquilo o conhecimento que as ciências agronómicas têm em países como Brasil, Argentina, Chile, África do Sul, Egipto, entre outros e a comparar com o de Angola, diríamos que estamos ainda muito longe do desejado”, alertou o especialista.
Para o entrevistado, no país já há sectores onde a fronteira do conhecimento está mais próxima do que se faz noutras geografias, como o financeiro e o petrolífero que tiveram investimentos na formação do capital humano, mas a agricultura ficou marginalizada.
“Investir em escolas técnicas, promovendo o ensino como realmente deve ser administrado, através da colocação, no local, dos equipamentos todos, para os jovens terem, desde cedo, contacto com as tecnologias e assim ser um conhecimento mais prático, que teórico, contribuímos para colocar mais camadas à esfera do conhecimento”, acrescentou.
Para tal, segundo o também mestre em melhoramento de plantas e biologia molecular, a envolvência de todos é necessária, pois a agricultura é mesmo a base e esta precisa de “fundações bem sólidas” para evitar a insegurança alimentar e a incapacidade de ter uma produção nacional que atenda às necessidades do país.
Para além de engenheiro agrónomo e mestre em melhoramento de plantas e biologia molecular, João Saraiva é especialista em sistemas de sementes, responsável pela gestão do Programa de Selecção e Melhoramento de Milho, Trigo e Arroz da empresa Jardins da Yoba, numa parceria com o Instituto de Investigação Agronómica, o Centro Internacional de Melhoramento do Milho e Trigo e a Universidade Federal de Lavras do Brasil.
É ainda técnico sénior em sistemas de irrigação e abastecimento de água às comunidades rurais, consultor de diversas instituições e de programas de desenvolvimento rural e fomento da produção agro-pecuária, bem como director-geral da empresa Jardins da Yoba. EM/MS