Genebra - O aumento da violência por grupos armados contra civis no leste da República Democrática do Congo (RDC) causou, pelo menos, 1.200 mortes, 25 mil relatos de abusos e um milhão de deslocados, segundo dados divulgados hoje pela ONU.
Pelo menos 1.100 mulheres também foram violadas na região, acrescentou o porta-voz a Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Boris Cheshirkov, numa conferência de imprensa em Genebra.
A grande maioria das pessoas forçadas a abandonar as suas casas foi acolhida por famílias, "que demonstraram grande generosidade para com os seus compatriotas, mas estão exaustas e necessitadas de apoio", acrescentou.
Cheshirkov sublinhou que as duras condições de vida das pessoas deslocadas e a falta de alimentos as obrigam, por vezes, a regressar aos seus locais de origem, apesar de inseguros, o que está por detrás de quase dois terços dos abusos sofridos pelos retornados, de acordo com os números do ACNUR.
Muitos dos ataques foram atribuídos às denominadas Forças Democráticas Aliadas (FAD), compostas por rebeldes islamistas do vizinho Uganda, cujos abusos "aumentaram em brutalidade desde o final da década de 2020", disse ainda o porta-voz.
A declaração de estado de sítio nas principais províncias afectadas (Ituri e Kivu Norte) em Maio último não reduziu os casos de ataques e assassinatos, acrescentou a fonte da ONU.
O estado de sítio colocou os militares no comando destas províncias e as operações do exército nacional congolês, o que levou alguns grupos armados a operar na zona a deporem as armas.
No entanto, também tem havido ataques de represália por parte das milícias a pequenas cidades que consideram como "colaboradoras" das forças militares da RDC, explicou o ACNUR.