A Missão de Transição da União Africana na Somália (ATMIS) anunciou hoje a abertura de uma "investigação independente" para esclarecer a morte de um jovem sem-abrigo em Mogadíscio durante um tiroteio que envolveu os seus soldados.
"De acordo com as investigações preliminares, o incidente ocorreu depois de uma pessoa não identificada ter atirado um objeto suspeito contra um dos camiões da ATMIS", disse a missão da União Africana (UA), num comunicado publicado hoje na sua conta na rede social 'Twitter'.
"Posteriormente, a pessoa tentou subir para o camião, o que provocou uma resposta dos militares da ATMIS que escoltavam a viatura", disse.
A ATMIS indicou que "uma investigação independente sobre o incidente" foi aberta e pediu "calma enquanto as investigações decorrem".
A missão "está empenhada em proteger a vida dos civis e continuará a defender e a respeitar os direitos de todos os cidadãos somalis, conforme prescrito no seu mandato, e apoiará o Governo Federal da Somália", acrescentou, na nota oficial.
Centenas de pessoas protestaram na sexta-feira em Mogadíscio depois de soldados da missão da UA matarem a tiro um jovem sem abrigo desarmado, confirmaram à agência EFE fontes policiais e testemunhas.
"Um soldado da ATMIS num veículo militar com o logótipo da UA a patrulhar no cruzamento de El-Gaab, na estrada para o Palácio Presidencial em Mogadíscio [conhecido como Villa Somália], abriu fogo sobre um jovem sentado à beira da estrada", relatou Ibrahim Hirsi, que estava presente na altura do incidente.
Segundo Hirsi, os soldados da UA aproximaram-se do sem-abrigo e tentaram disparar contra ele com a metralhadora presa à parte superior do seu veículo, mas quando a arma não funcionou, um militar "puxou da sua AK-47 [espingarda] e disparou contra o jovem", chamado Hussein Osman.
Osman, conhecido na vizinhança, "era jovem, inofensivo e estava desarmado quando foi baleado", acrescentou Hirsi.
Um dos manifestantes, Abdilatif Jama, disse: "Eles têm de nos ouvir. Não podem disparar sobre civis inocentes como animais".
O porta-voz da polícia, Sadik Duudishe, confirmou por telefone à Efe o incidente e disse que foi aberta uma investigação e marcada uma reunião entre a família da vítima e os representantes da ATMIS.
A Somália vive num estado de guerra e caos desde 1991, quando, após o derrube do ditador Mohamed Siad Barre, o país ficou sem governo efectivo e nas mãos de milícias e senhores da guerra islâmicos.