Addis Abeba - A União Africana condenou hoje "firmemente a tentativa de golpe de Estado" no Gabão, considerando que é uma "flagrante violação" dos princípios da organização.
O presidente da comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, "apela às forças de segurança para terem em conta a sua vocação republicana, a garantia da integridade física do Presidente da República, dos membros da sua família e dos seus governantes", lê-se num comunicado, citado pela agência France-Presse.
A reacção da União Africana é a mais recente de um conjunto de declarações da comunidade internacional, no dia em que Marrocos, um tradicional aliado do Gabão, disse que "segue de perto" a evolução da situação, mas sem condenar o golpe contra o Presidente.
"Marrocos confia na sabedoria da nação gabonesa, das suas forças vivas e das suas instituições nacionais para avançar numa perspectiva que permita atuar nas áreas do interesse superior do país", lê-se num breve comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, citado pela agência Efe.
Os militares anunciaram hoje que tinham "posto um fim no actual regime" no Gabão e colocaram o Presidente, Ali Bongo Ondimba, sob prisão domiciliária, depois de ter vencido as eleições do passado fim de semana.
Há 55 anos que esta nação africana, rica em petróleo e membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), é governada por membros da família Bongo, com o actual Presidente a ter sucedido ao seu pai em 2009.
Os residentes manifestaram-se hoje as ruas para apoiar os militares, mesmo depois do Presidente ter pedido aos "amigos" para "fazerem barulho".
O Gabão enfrenta desde a madrugada de terça-feira um golpe de Estado levado a cabo por militares, iniciado pouco depois de terem sido anunciados os resultados das eleições de sábado, segundo os quais o Presidente, Ali Bongo Ondimba, permaneceria no poder, dando continuidade a 55 anos de domínio do poder pela sua família.
Um grupo de militares do Gabão anunciou na televisão o cancelamento das eleições presidenciais que reelegeram Ali Bongo e a dissolução de todas as instituições democráticas.DSC