Burkina Faso, Guiné e Mali entregam pedido de readmissão à UA

     África           
  • Luanda     Sexta, 17 Fevereiro De 2023    17h42  
Sede da União Africana em Addis Ababa
Sede da União Africana em Addis Ababa
Joaquina Bento - ANGOP

Adis Abeba - Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Burkina Faso, Guiné e Mali, nações governadas por juntas militares após vários golpes de Estado, pediram à União Africana (UA) que levante as suas suspensões como Estados-membros da organização.

"Os três chefes da diplomacia expressaram ao presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, e ao comissário de Assuntos Políticos, Paz e Segurança da Comissão da UA, Bankole Adeoye, a frustração dos seus povos com a manifesta falta de apoio da UA num contexto difícil, caracterizado por ataques de grupos terroristas e de populações deslocadas tanto no Burkina Baso quanto no Mali", afirmou o governo de Burkina Faso num comunicado emitido a partir da capital da Etiópia, Adis Abeba, sede daquela organização africana.

Os chefes da diplomacia do Burkina Faso, Olivia Rouamba, da Guiné, Morissanda Kouyate, e do Mali, Abdoulaye Diop, pediram à UA que "reconsiderasse" as suas admissões ao bloco.

O pedido foi apresentado no quadro da 42.ª sessão ordinária do Conselho Executivo da UA, constituído pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e outros representantes dos Estados-membros, antes da 36ª cimeira ordinária de chefes de Estado e de Governo da organização, que tem lugar este fim-de-semana em Adis Abeba.

"Achamos inconcebível que questões relacionadas com a segurança e acção humanitária na África Ocidental sejam discutidas sem a presença de Burkina Faso e Mali", lamentou Rouamba.

"Pedimos que se preste atenção ao sofrimento dos nossos povos e, consequentemente, se apoiem os governos de transição nos seus esforços para restaurar as condições necessárias para o retorno à ordem constitucional", acrescentou o ministro do Burkina Faso.

Além disso, afirmaram ter "um cronograma bem definido e uma agenda transparente".

Os chefes da diplomacia de Burkina Faso, Guiné e Mali realizaram no início deste mês uma cimeira em Ouagadougou, na qual acordaram unir esforços para tentar a reintegração na União Africana.

Num comunicado conjunto divulgado após aquela cimeira de 10 de Fevereiro, que decorreu na capital do Burkina Faso, os três países afirmaram que "coordenam esforços e levam a cabo iniciativas comuns para a retirada das medidas de suspensão e outras restrições", incluindo as sanções económicas impostas contra os três Estados que sofreram golpes de Estado.

Na nota referiram também que as medidas da União Africana (UA) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) "atingem populações já afectadas pela insegurança e instabilidade política" e "privam" ambas as organizações "do contributo dos três países, necessário para vencer os grandes desafios".

Os ministros sublinharam que estas medidas "representam um ataque contra a solidariedade sub-regional e africana, que representa o ponto essencial da integração, cooperação regional e continental".

"As decisões de suspensão impedem a participação destes países nos órgãos da CEDEAO e da UA, em particular naqueles que abordam grandes desafios, como a segurança, questões humanitárias e desenvolvimento económico duradouro", realçaram ainda na declaração conjunta, assinada pelos três ministros.

"No quadro da luta contra a insegurança na faixa sahelo-sahariana, as delegações do Burkina, da Guiné e do Mali salientam a necessidade de conjugar os seus esforços e os dos países da sub-região e da região para fazer face a este flagelo", alertaram.

Nesse sentido, apelaram à "coerência" nas acções "a nível regional, com base nas operações bilaterais já em curso", ao mesmo tempo que apontaram a "institucionalização de um quadro permanente de concertação entre os três países" e o lançamento de "consultas políticas e diplomáticas de alto nível no eixo Bamako-Conacri-Ouagadougou".

Finalmente, os chefes da diplomacia dos três Estados reafirmaram o seu "compromisso" com "os objectivos e princípios da CEDEAO e da UA" e de "responder às aspirações das populações" dos três países, incluindo com programas "para o desenvolvimento do comércio, transportes, obtenção de necessidades, transformação profissional, desenvolvimento rural, mineração, cultura, artes e luta contra a insegurança".

No Mali houve um golpe em Agosto de 2020 liderado pelo coronel Assimi Goïta, que protagonizou outro golpe em Maio de 2021 após desentendimentos com o governo e actualmente é o presidente transitório do país.

A Guiné é liderada pela junta militar chefiada pelo coronel Mamadi Doumbouya desde 5 de Setembro de 2021, desde o golpe de Estado nesse país.

A junta militar do Burkina Faso é agora liderada pelo capitão Ibrahim Traoré, que protagonizou um golpe palaciano em Setembro de 2022 contra o até então líder, tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, que já tinha realizado um golpe oito meses antes.

Esses golpes militares levaram a UA a suspender a participação dos três países como Estados-membros.JM





Fotos em destaque

ECOAngola lança projecto ambiental “60min ECO”

ECOAngola lança projecto ambiental “60min ECO”

Domingo, 19 Maio De 2024   08h05

Telemedicina reduz evacuações no hospital do Cuvango

Telemedicina reduz evacuações no hospital do Cuvango

Domingo, 19 Maio De 2024   07h57

Huíla declara fim da peste suína e levanta cerca sanitária à Humpata

Huíla declara fim da peste suína e levanta cerca sanitária à Humpata

Domingo, 19 Maio De 2024   07h53

Estudantes da UJES do Huambo inventam dispositivo de segurança de recém-nascidos

Estudantes da UJES do Huambo inventam dispositivo de segurança de recém-nascidos

Domingo, 19 Maio De 2024   07h50

Mais de cem alunos do Liceu Eiffel beneficiam de bolsas externas no Cunene

Mais de cem alunos do Liceu Eiffel beneficiam de bolsas externas no Cunene

Domingo, 19 Maio De 2024   07h47

Sector da Saúde vai admitir mais de 900 profissionais no Cuanza-Sul

Sector da Saúde vai admitir mais de 900 profissionais no Cuanza-Sul

Domingo, 19 Maio De 2024   07h43

Vila do Calai (Cuando Cubango) celebra 62 anos com foco no turismo transfronteiriço

Vila do Calai (Cuando Cubango) celebra 62 anos com foco no turismo transfronteiriço

Domingo, 19 Maio De 2024   07h38

Estabilização do Morro do Tchizo resolve problema de inundação em Cabinda

Estabilização do Morro do Tchizo resolve problema de inundação em Cabinda

Domingo, 19 Maio De 2024   07h33

Projecto “Melhora da Segurança Alimentar” forma mais de mil camponeses no Bengo

Projecto “Melhora da Segurança Alimentar” forma mais de mil camponeses no Bengo

Domingo, 19 Maio De 2024   07h27

Iona renasce como potencial turístico

Iona renasce como potencial turístico

Sábado, 18 Maio De 2024   18h20


+