Bruxelas - A diplomacia da União Europeia (UE) condenou hoje, quinta-feira, o "ataque mortal" contra a presença da Organização das Nações Unidas (ONU) na República Democrática do Congo (RDC), apoiando investigações no terreno para "punir os responsáveis".
"A União Europeia condena veementemente este ataque mortal contra as forças de manutenção da paz e toda a violência na província do Kivu do Norte desde 25 de Julho, que resultou na morte e ferimentos de vários civis", indica uma porta-voz da diplomacia da UE, em comunicado.
Na posição, em nome do Alto-Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, lê-se também que "a UE reafirma o seu apoio ao MONUSCO (missão da ONU na RDC) e ao Governo da República Democrática do Congo no seu empenho em investigar estes incidentes e em punir os responsáveis".
"A UE expressa as suas mais profundas condolências às famílias de todas as vítimas e a MONUSCO, bem como aos governos dos países em causa", adianta-se na nota.
Hoje, as autoridades locais informaram que o número de mortos durante os protestos contra a presença da ONU na RDC subiu para 22.
O porta-voz do Governo, Patrick Muyaya Katembwe, confirmou a existência de pelo menos 22 vítimas mortais e de 67 feridos, entre os quais alguns graves.
Manifestantes saíram às ruas para exigir a retirada da MONUSCO, acusando-a de ineficiência diante da violência que assola o leste do país, onde actuam pelo menos 122 grupos rebeldes, segundo o jornal Barómetro de Segurança Kivu.
"Reitero que a missão está na RDC a convite do Governo para ajudar a proteger os civis e promover a estabilidade", disse o chefe interino da missão de paz das Nações Unidas, Khassim Diagne.
A ONU considerou que o ataque contra as instalações no leste do país, que provocou a morte de três funcionários da organização, pode constituir um crime de guerra.
A alegação foi feita pelo porta-voz adjunto do secretário-geral da ONU, Farhan Haq, que, em comunicado, acrescentou que "qualquer ataque dirigido contra 'capacetes azuis' pode ser considerado um crime de guerra", pelo que pediu às autoridades da RDC que "investiguem este incidente e rapidamente responsabilizem judicialmente os responsáveis".
A população construiu barricadas em diferentes pontos da cidade, além de acender fogueiras em frente a alguns prédios da ONU, enquanto grande parte dos trabalhadores da organização na província teve de ser retirada.
O ataque ocorreu depois de o presidente do Senado congolês democrático (Câmara Alta), Modeste Bahati Lukwebo, ter, em meados de Julho, acusado a MONUSCO de não ser eficaz, exigindo a sua retirada.
Desde 1998, o leste da RDC está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do Exército, apesar da presença da missão da ONU, com cerca de 14 mil soldados.