Sharm el Sheikh - A Comissária da União Africana (UA) para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, Josefa Correia Sacko, considerou em Sharm el Sheikh, Egipto, ser um imperativo o reforço da cooperação internacional para a implementação do programa de redução de riscos de desastres (AMHEWAS).
A diplomata africana, que falava durante um evento paralelo à Conferência das Partes das Nações Unidas (COP 27), no pavilhão de África, avançou que este imperativo surge da necessidade de se proteger o desenvolvimento e salvaguardar a realização da Agenda 2063, que tem como tema: A África que desejamos.
Adiantou que a implementação do programa é fundamental para a redução significativa das perdas resultantes de perigos relacionados com o clima, a migração forçada e a assistência humanitária.
Fez saber que o número de pessoas a morrer devido a catástrofes causadas por perigos naturais aumentou para trinta e seis milhões em 2017-2018 e as perdas económicas resultantes de catástrofes andam à volta de oito mil milhões de dólares, no mesmo período.
De acordo com a comissária, o aumento das perdas provocadas por catástrofes climáticas deve-se principalmente, em parte, a um investimento inadequado em sistemas de alerta precoce multi-perigosos, um mecanismo que poderia reduzir os risco de ocorrência ou minimizar o impacto dos perigos.
“Juntam-se a este quadro, a comunicação do risco num continente onde as clivagens digitais são amplas, incapacidade para se detectar, analisar, monitorizar e prever perigos múltiplos em muitos países africanos, o que cria uma lacuna de informação e incerteza para os decisores”, sustentou.
Disse que o actual estado dos sistemas de alerta precoce em África enfrenta grandes desafios.
E, acrescentou, para se responder a esses desafios, a União Africana desenvolveu o Programa Africano de Alerta Precoce e Sistema de Acção Precoce (AMHEWAS) que está a ser implementada através do apoio do Governo de Itália e do Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (UNDRR), tendo a primeira fase consumido mais de cinco mil milhões de dólares .
“Para a fase seguinte, é necessária a mobilização de cerca de 75 milhões de USD urgentemente, visto que as catástrofes continuam a ocorrer em todo o continente ”, salientou.
A primeira fase do programa começou em 2019 e resultou na criação da sala de situação continental da AMHEWAS, na sede da UA em Adis Abeba. Uma sala de operação de catástrofes (IGAD), em Nairobi, e outra de aconselhamento sobre o clima do (ACMAD) no Niamey, Níger.
Este sistema de abordagem colaborativa, e em rede, vai assegurar que a informação sobre riscos de catástrofes esteja disponível e acessível a diferentes utilizadores, com os quais se obterão retornos para assegurar que a informação relevante chegue às pessoas.
O AMHEWAS fornecerá a orientação de uma plataforma de apoio de coordenação para reforçar as capacidades técnicas, logísticas e financeiras, bem como de outras importantes acções que precisam de ser criadas para uma preparação de resposta e recuperação eficazes em caso de catástrofes.