Dacar - O Presidente senegalês, Macky Sall, actual líder da União Africana (UA), manifestou-se hoje, 29, "gravemente preocupado" com a "tensão crescente" entre o Rwanda e a República Democrática do Congo (RDC), exortando os dois países a "acalmarem-se e empenharem-se no diálogo".
"Estou seriamente preocupado com a tensão crescente entre o Rwanda e a RDC", disse Macky Sall num tuíte em resposta à escalada da tensão verificada nos últimos dias entre os dois países vizinhos, apelando a que "se acalmem e dialoguem para a resolução pacífica da crise com o apoio dos mecanismos regionais e da União Africana".
O Rwanda anunciou no sábado que dois soldados seus estavam a ser mantidos em cativeiro após terem sido raptados por rebeldes na RDC, acusando as autoridades do país de apoio a esses rebeldes.
A declaração surgiu depois de a RDC ter convocado o embaixador do Rwanda e acusado o seu vizinho de apoiar o grupo rebelde M23, activo na sua região oriental.
Segundo as Forças de Defesa Rwandesas, os dois soldados foram raptados durante uma patrulha e estão detidos no leste da RDC por rebeldes das Forças Democráticas para a Libertação do Rwanda (FDLR).
O incidente segue-se a um ataque no início desta semana ao longo da fronteira por forças congolesas e rebeldes das FDLR, de acordo com o exército rwandês.
Os combates entre as forças congolesas e a M23 deflagraram em várias frentes esta semana no Kivu do Norte, uma província oriental da RDC que faz fronteira com o Rwanda.
Kinshasa diz que o M23 - um dos mais de cem grupos armados que operam no leste da RDC, constituído principalmente por tutsis congoleses - é apoiado pelo Rwanda. Kigali, por seu turno, negou qualquer envolvimento.
A RDC e o Rwanda mantêm relações tensas desde a chegada maciça ao leste do Congo de hutus rwandeses acusados de massacrar tutsis em 1994.
Kinshasa tem acusado regularmente o Rwanda de realizar incursões no seu território e de aí apoiar grupos armados.
As relações tinham começado a descongelar após a eleição do Presidente congolês Felix Tshisekedi em 2019, mas o ressurgimento dos ataques do M23 reacendeu as tensões bilaterais.