Tribunal congolês condena 37 pessoas à morte sob a acusação de golpe

     África              
  • Luanda • Sábado, 14 Setembro de 2024 | 08h08
Bandeira da República Democrática do Congo
Bandeira da República Democrática do Congo
Divulgação

Kinshasa - Um tribunal militar da República Democrática do Congo (RDC) condenou sexta-feira à morte 37 pessoas, incluindo três norte-americanos, acusadas de participarem numa tentativa de golpe de Estado, noticiou o site Notícias ao Minuto.

Os réus, na sua maioria congoleses, mas também um britânico, um belga e um canadiano, além dos americanos, têm cinco dias para recorrer da sentença, sobre acusações que incluem tentativa de golpe de Estado, terrorismo e associação criminosa. Catorze pessoas foram absolvidas no julgamento, que teve início em Junho.
 
O tribunal da capital, Kinshasa, condenou os 37 arguidos e impôs "a pena mais severa, a da morte" no veredicto proferido pelo juiz presidente, Major Freddy Ehuma, num processo de tribunal militar ao ar livre, que foi transmitido em direto pela televisão.

Os três americanos, vestidos com roupas azuis e amarelas da prisão e sentados em cadeiras de plástico, ouviram a sentença, explicada por um tradutor.

Richard Bondo, o advogado de defesa dos seis estrangeiros, disse que contestava o facto de a pena de morte poder ser atualmente aplicada no Congo, apesar de ter sido reintroduzida no início deste ano, e afirmou que os seus clientes não dispunham de intérpretes adequados durante a investigação do caso.

"Iremos contestar esta decisão em sede de recurso", declarou.

Em Maio, seis pessoas foram mortas durante a tentativa de golpe de Estado mal sucedida, liderada por Christian Malanga, uma figura pouco conhecida da oposição, que visava o palácio presidencial e um aliado próximo do Presidente Felix Tshisekedi.

Segundo o exército congolês, Christian Malanga foi morto a tiro quando resistia à prisão, pouco depois de ter transmitido o ataque em direto nas suas redes sociais.

O filho, Marcel Malanga, de 21 anos, que é cidadão americano, e dois outros americanos foram condenados pelo ataque.
A sua mãe, Brittney Sawyer, afirma que o filho está inocente e que estava simplesmente a seguir o pai, que se considerava presidente de um governo sombra no exílio.

Nos meses seguintes à detenção do filho, Brittney Sawyer recusou vários pedidos de entrevista e concentrou a sua energia na angariação de fundos para enviar a Marcel dinheiro para comprar comida, produtos de higiene e uma cama.

Segundo Britney Sawyer, o filho tem dormido no chão da sua cela e sofre de uma doença hepática.

Os outros americanos são Tyler Thompson Jr., 21 anos, que viajou para África, vindo do Utah, com o jovem Malanga, para o que a sua família julgava ser umas férias, e Benjamin Reuben Zalman-Polun, 36 anos, que terá conhecido Christian Malanga através de uma empresa de extração de ouro.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse hsexta-feira aos jornalistas, em Washington, que o governo federal estava ciente da sentença.

O departamento não declarou que os três americanos foram detidos injustamente, o que torna improvável que tente negociar o seu regresso.

"Entendemos que o processo legal na RDC permite que os réus recorram da decisão do tribunal. O pessoal da embaixada tem estado a assistir a estes procedimentos à medida que avançam no processo. Continuamos a acompanhar de perto os desenvolvimentos", acrescentou.

Tyler Thompson tinha sido convidado para uma viagem a África pelo jovem Malanga, seu antigo colega de equipa de futebol americano no liceu, num subúrbio de Salt Lake City, mas o itinerário pode ter incluído mais do que visitas turísticas.

Outros colegas de equipa alegaram que Marcel Malanga tinha oferecido até 100.000 dólares para se juntar a ele num "trabalho de segurança" no Congo.

A família de Thompson afirma que o jovem não tinha conhecimento das intenções do velho Malanga, não tinha planos de ativismo político e nem sequer tencionava entrar no Congo.

A família Thompson tem estado a trabalhar com um advogado no seu estado natal, Utah, para encorajar as autoridades americanas a intervir, mas os senadores do Utah não pediram publicamente ao governo dos EUA que defendesse a libertação dos americanos.

O Congo restabeleceu a pena de morte no início deste ano, levantando uma moratória de mais de duas décadas, numa altura em que as autoridades lutam para travar a violência e os ataques de militantes no país.

O código penal do país permite que o presidente designe o método de execução. No passado, as execuções de militantes no Congo foram efectuadas por fuzilamento.CS

 



Tags


Fotos em destaque

Prevenção de acidentes rodoviários vence prémio da feira tecnológica

Prevenção de acidentes rodoviários vence prémio da feira tecnológica

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 12h04

Mais de quatrocentos reclusos frequentam ano lectivo no Bentiaba (Namibe)

Mais de quatrocentos reclusos frequentam ano lectivo no Bentiaba (Namibe)

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 12h01

Angola sem registo de casos da varíola dos macacos

Angola sem registo de casos da varíola dos macacos

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h54

Divisão das Lundas fruto da estratégica de Agostinho Neto

Divisão das Lundas fruto da estratégica de Agostinho Neto

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h50

Merenda Escolar chega a mais de três mil crianças dos Gambos (Huila)

Merenda Escolar chega a mais de três mil crianças dos Gambos (Huila)

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h45

Nhakatolo Ngambo torna-se na 6ª rainha do povo Luvale

Nhakatolo Ngambo torna-se na 6ª rainha do povo Luvale

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h41

Parques nacionais de Mavinga e Luengue-Luiana com mais de 10 mil elefantes

Parques nacionais de Mavinga e Luengue-Luiana com mais de 10 mil elefantes

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h37

Angola produz óleo alimentar acima de cem por cento

Angola produz óleo alimentar acima de cem por cento

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h34


+