N’Djamena - O principal sindicato do Tchad apelou terça-feira a uma "greve ilimitada" a partir de quarta-feira para exigir a "libertação imediata e incondicional" de seis líderes da oposição presos após uma manifestação em 14 de Maio contra a França
A União dos Sindicatos do Tchad (UST), principal sindicato dos sectores público e privado do país, "decidiu observar uma greve [por tempo] indefinida (...) em todo o país, com um serviço mínimo nos hospitais", fez saber a central sindical através de uma declaração, citada pela agência France-Presse.
O sindicato "exigiu a libertação imediata e incondicional" dos seis líderes da oposição, acusados na sequência de uma manifestação, do crime de "reunião causadora de desordem pública, atacando a integridade física das pessoas, queimando e destruindo bens" e foram depois transferidos de uma prisão em N'Djamena para uma em Moussoro, a 300 quilómetros a noroeste da capital do país.
A manifestação de protesto contra a França, acusada de apoiar a junta militar no poder, foi marcada por vários incidentes. Sete estações de serviço pertencentes ao grupo petrolífero francês Total foram vandalizadas e 12 agentes da polícia foram feridos, segundo a polícia.
Max Loalngar, coordenador da principal coligação da oposição, Wakit Tamma, que organizou a manifestação, foi detido em 17 de Maio, um dia após a detenção de outros cinco líderes da mesma aliança política, incluindo Gounoung Vaima Gan-Faré, secretário-geral da UST.
A central sindical apelou a "todos os trabalhadores a observarem estritamente a ordem de greve para exigir a libertação" dos detidos.
Os seis líderes da oposição iniciaram uma greve de fome na segunda-feira e o seu julgamento deverá ter início em 06 de Junho.
A Wakit Tamma acredita que os acusados foram erradamente detidos por "actos de vandalismo" cometidos por outros, à margem ou após a manifestação e exigiu a sua libertação incondicional.
Quando o Presidente Idriss Déby Itno foi morto em circunstâncias misteriosas há mais de um ano, o seu filho, general Mahamat Idriss Déby Itno, tomou as rédeas do poder à frente de um grupo Akinwumi Adesina de 15 generais, que foram imediatamente apoiados pela comunidade internacional, liderada por Paris.
O líder da junta militar prometeu a realização de eleições "livres e democráticas" no prazo de 18 meses, que deviam ser o corolário de um "diálogo nacional inclusivo" que ainda não foi iniciado.