Abuja - O Tchad anunciou na quinta-feira que estava a encerrar a cooperação militar com a antiga potência colonial França, poucas horas após uma visita do ministro das Relações Exteriores francês Jean-Noel Barrot, noticia o site Vanguar, da Nigéria.
“O governo da República do Tchad informa a opinião nacional e internacional sobre sua decisão de encerrar o acordo no campo da defesa assinado com a República Francesa”, disse o ministro das Relações Exteriores Abderaman Koulamallah, numa declaração no Facebook.
O Tchad é um elo fundamental na presença militar da França na África, constituindo o último ponto de apoio de Paris no Sahel após a retirada forçada de suas tropas do Mali, Burkina Faso e Níger.
“Não é uma ruptura com a França como o Níger ou qualquer outro lugar”, disse Koulamallah, cujo país ainda abriga cerca de mil tropas francesas, à AFP.
Numa colectiva de imprensa após uma reunião entre o presidente Mahamat Idriss Deby e Barrot, Koulamallah chamou a França de “um parceiro essencial”, mas acrescentou que “agora também deve considerar que o Tchad cresceu, amadureceu e é um estado soberano que é muito ciumento de sua soberania”.
O Tchad é o último país do Sahel a hospedar tropas francesas. É liderado por Deby desde 2021, quando seu pai Idriss Deby Itno foi morto por rebeldes após 30 anos no poder. Este frequentemente contava com o apoio militar francês para afastar as ofensivas rebeldes, inclusive em 2008 e 2019.
A nação sem litoral enfrenta uma ameaça potente do Boko Haram e de outros grupos militantes. Faz fronteira com a República Centro-Africana, Sudão, Líbia e Níger, todos países que abrigam forças paramilitares russas do grupo Wagner.
Deby buscou laços mais próximos com Moscovo nos últimos meses, mas as negociações para fortalecer a cooperação económica com a Rússia ainda não deram resultados concretos.
Koulamallah chamou a decisão de encerrar a cooperação militar de um “ponto de virada histórico”, acrescentando que foi tomada após “análise aprofundada”.
“O Tchad, de acordo com as disposições do acordo, se compromete a respeitar os termos estabelecidos para seu término, incluindo o período de aviso prévio”, disse ele no comunicado, que não deu uma data para a retirada das tropas francesas.
O anúncio ocorre poucos dias após o presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, indicar, numa entrevista à AFP que a França deveria fechar suas bases militares naquele país. ADR