Djamena - O líder da junta do Tchad, Mahamat Idriss Déby, anunciou esta terça-feira sete dias de luto nacional pela morte de quase 50 pessoas durante os protestos da semana passada contra a junta militar.
O General Déby descreveu os protestos como uma "insurreição organizada" apoiada por "potências estrangeiras" e acusou os manifestantes de terem "matado a sangue frio civis e assassinado membros das forças de segurança" com o intuito de gerar uma "guerra civil".
Num apelo "à rejeição de qualquer manipulação estrangeira", Déby acusou os vários actores políticos do país de "procurarem o apoio de terceiros" para exercerem mais pressão sobre a junta, embora não tenha referido quais os países que interferiram ou estariam dispostos a fazê-lo.
"Armas e dinheiro foram entregues do exterior a oportunistas tchadianos que não hesitaram em destruir o país para satisfazer os seus desejos pessoais e cumprir agendas políticas estrangeiras", afirmou o chefe de Estado.
Os protestos da semana passada deram-se na sequência da decisão da junta militar em prolongar por mais dois anos o mandato de Déby, que inicialmente planeava renunciar para devolver o poder aos civis.
O Tchad tem estado sob a liderança do Conselho Militar de Transição (CMT, junta militar) desde a morte do Presidente Idriss Déby nos combates entre grupos rebeldes e o exército, em Abril de 2021.
No dia 10 de Outubro, Déby Itno anunciou a formação de um "Governo de unidade nacional" no seu discurso inaugural como Presidente de transição.
O actual chefe de Estado prometeu um referendo constitucional e eleições que, após o fim da transição, seriam organizadas "de forma transparente e calma" para "assegurar o regresso à ordem constitucional".
Após a tomada de posse, o CMT, liderado por Mahamat Idriss Déby Itno, 38 anos, filho do falecido Presidente, anulou a Constituição e dissolveu o Governo e o parlamento.
Durante o diálogo nacional foi acordado dissolver o CMT e prolongar a transição por mais dois anos, embora fosse suposto durar 18 meses e terminar em 20 de Outubro.
O diálogo foi amplamente criticado e boicotado pelos partidos da oposição e movimentos rebeldes, por não o considerarem inclusivo.
Desde o início, Déby Itno tem tido o apoio da comunidade internacional, liderada pela França, a UE e a União Africana, uma vez que o exército tchadiano é um dos pilares da guerra contra os grupos terroristas na região do Sahel, juntamente com as tropas francesas da missão Barkhane.