Cartum - O exército sudanês acusou hoje as Forças de Apoio Rápido (RSF) de ter disparado contra um avião de evacuação turco, ferindo um dos tripulantes e danificando o depósito de combustível da aeronave, uma acção que o grupo paramilitar recusou.
Em comunicado, citado pela Lusa, as Forças Armadas afirmaram que um avião de transporte táctico Lockheed Hercules C-130 "foi alvo de fogo rebelde esta manhã quando se aproximava para aterrar em Wadi Sidna", uma base aérea a cerca de 20 quilómetros a norte da capital, Cartum.
O ataque "causou danos nos tanques de combustível do avião e feriu um dos tripulantes", refere-se na nota, indicando-se que o avião aterrou "em segurança" na base e está a ser reparado.
"As Forças Armadas alertam para as tentativas dos rebeldes de dificultar os esforços de evacuação com acções graves", afirmou o exército.
As RSF negaram ter atacado o avião e acusam o exército de promover "campanhas de desinformação" e de "espalhar mentiras para encobrir as suas acções".
Os paramilitares indicaram que a base de Wadi Sidna "não está sob o controlo" das RSF, pelo que atribuíram "toda a responsabilidade" ao exército.
O Ministério da Defesa turco informou, entretanto, que o avião aterrou em segurança.
"Embora não haja feridos no nosso pessoal, o nosso avião está a ser verificado", declarou o Ministério da Defesa turco em comunicado, referindo que o avião, um Hércules C-130, foi alvo de fogo de armas ligeiras.
O Ministério da Defesa turco indicou que os trabalhos de reparação do avião já começaram e que a retirada dos cidadãos retidos no país africano continua.
Esta troca de acusações sobre o ataque contra o avião turco ocorre no primeiro dia da renovação de uma trégua de 72 horas mediada pelos Estados Unidos e a Arábia Saudita para facilitar a retirada de estrangeiros no Sudão e abrir corredores seguros para a entrada de ajuda humanitária.
Nos últimos dias, vários países concluíram as operações de retirada dos seus cidadãos e pessoal diplomático no Sudão, mas outros continuam o processo por terra, mar e ar.
O Sudão entrou hoje no décimo quarto dia consecutivo de confrontos entre o exército e as RSF, um conflito que já fez mais de 500 mortos e mais de 4.000 feridos e obrigou milhares de sudaneses a deslocarem-se para zonas mais seguras do país ou a refugiarem-se em nações vizinhas como o Sudão do Sul, o Egipto ou o Chade. CNB/CS