Nova Iorque - O Conselho de Segurança das Nações Unidas prorrogou sexta-feira a sua missão política no Sudão por mais um ano, apesar das expressões de hostilidade para com o enviado da ONU, o alemão Volker Perthes.
Os 15 membros do Conselho de Segurança votaram por unanimidade a prorrogação da Missão Integrada de Assistência à Transição da ONU no Sudão, até 03 de Junho de 2023.
Na quarta-feira, centenas de manifestantes sudaneses reuniram-se diante da sede da missão, em Cartum, para exigir a partida de Volker Perthes, entre os quais muitos apoiantes de grupos islâmicos.
O enviado da ONU tem como missão tentar resolver a profunda crise política em que o Sudão está mergulhado desde o golpe de Estado do chefe do exército, o general Abdel Fattah al-Burhane, em Outubro de 2021.
As Nações Unidas e a União Africana - que suspendeu o Sudão - apelam a um diálogo entre todas as forças políticas, advertindo que o país poderá afundar-se "em termos económicos e de segurança".
A comunidade internacional está a tornar o regresso dos civis ao poder uma condição essencial para o reinício da ajuda a um dos países mais pobres do mundo. Apela também ao fim da repressão que já deixou uma centena de manifestantes pró democracia mortos e centenas presos.
A transição do Sudão para a democracia foi lançada em 2019, quando os militares e civis concordaram em partilhar o poder para conduzir este país africano até às suas primeiras eleições, após 30 anos da ditadura militar-islâmica de Omar al-Bashir, deposto pelo exército, com a população em protesto nas tuas.
Na altura, a 03 de Junho de 2019, quando os militares tinham deposto Bashir dois meses antes, os manifestantes continuaram uma concentração perto do quartel-general do exército. Esta manifestação foi dispersa em sangue (128 mortos) por homens armados em uniforme militar.
Esta sexta-feira, três anos após esta repressão, manifestantes pró-democracia em Cartum exigiram justiça para os que foram mortos a 03 de Junho de 2019.
Um manifestante foi morto a tiro, segundo um sindicato dos médicos, apesar da presença de um perito em direitos humanos da ONU, Adama Dieng, que se encontra em Cartum e apelou às autoridades para se absterem do "uso excessivo da força".
Chefes da diplomacia