Cartum - O Conselho de Segurança da ONU deve realizar uma reunião de emergência à porta fechada, hoje, para discutir o golpe de Estado no Sudão, disseram hoje à agência de notícias AFP diplomatas.
A sessão foi solicitada por seis países ocidentais, Reino Unido, Irlanda, Noruega, Estados Unidos da América (EUA), Estónia e França, adiantaram as fontes.
Durante uma conferência de imprensa, através de videoconferência, o enviado da ONU no Sudão, o alemão Volker Perthes, havia indicado que esperava expor a nova situação do país africano no Conselho de Segurança na terça-feira.
Volker Perthes aguardava que os 15 Estados-membros demonstrassem união mais uma vez, enfatizando que as suas declarações foram levadas "bastante a sério" por responsáveis sudaneses durante dois anos.
Os Estados-membros do Conselho de Segurança da ONU estão a considerar pedir aos seus parceiros a adopção de uma declaração conjunta, referiram os diplomatas contactados pela AFP.
O objectivo da reunião é ter o apoio de todos os Estados-membros do Conselho de Segurança, lembrou um diplomata à agência de notícias francesa, alertando que não é certo que a Rússia e a China aprovem.
O primeiro-ministro sudanês, Abdalla Hamdok, a sua mulher, vários ministros e representantes proeminentes da sociedade civil do Sudão foram detidos por militares durante a manhã de hoje.
O presidente do Conselho Soberano sudanês, o mais alto órgão de poder no processo de transição do Sudão, general Abdel-Fattah al-Burhan, dissolveu hoje o Governo e o próprio conselho, horas depois de os militares prenderem o primeiro-ministro.
Al-Burhan leu uma declaração na televisão estatal sudanesa, na qual anunciou a instauração de um estado de emergência em todo o país entre um conjunto de nove pontos, que incluíram a dissolução do Governo e do Conselho Soberano, assim como a suspensão de vários artigos do documento constitucional que lançou as bases para a transição após o derrube de Omar al-Bashir em Abril de 2019.
A Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou o golpe de Estado em curso no Sudão, tendo pedido aos militares para "respeitarem a ordem constitucional (...) e se retirarem das ruas".
A União Europeia também se manifestou "muito preocupada" com as notícias de um golpe de Estado no Sudão e apelou à "rápida libertação" dos dirigentes civis do Governo, assim como ao restabelecimento "urgente" das comunicações no país.
A União Africana (UA) apelou à "retoma imediata" do diálogo no Sudão, pela voz do presidente do órgão executivo da organização, Moussa Faki Mahamat, que disse ter tomado "conhecimento com profunda consternação dos graves desenvolvimentos" no país.
Estados Unidos da América, Alemanha e França, entre outros países, condenaram igualmente o golpe de Estado e apelaram à libertação dos dirigentes civis sudaneses.