Cartum - Os confrontos no Sudão continuam apesar de hoje se celebrar o primeiro dia que põe fim ao mês do Ramadão, tendo-se registado troca de tiros e ataques de artilharia, apesar dos apelos internacionais para o cumprimento da trégua de três dias.
O Sindicato dos Médicos do Sudão disse que ocorreram disparos entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), os rivais militares que se confrontam desde o sábado passado provocando uma das piores crises da actualidade, no Sudão.
"Pedimos a todos os cidadãos para que tomem precauções, para permanecerem em casa, com as portas e janelas fechadas e que se mantenham deitados no chão. Também pedimos às forças (em confronto) que sejam responsáveis e deixem de lutar em nome da protecção de vidas inocentes", disseram hoje os médicos do Sudão através de um comunicado.
Por outro lado, as RSF acusaram, em comunicado, o Exército de bombardear com artilharia pesada os bairros de Cartum durante o primeiro dia que marca o fim do Ramadão.
Até ao momento, o Exército não se pronunciou sobre as acusações apesar do líder militar Abdelfatah al Burhan ter proferido um discurso a propósito da festa religiosa muçulmana.
"Confiamos que superamos esta terrível experiência com força e sabedoria, de uma forma que preserva a segurança e a unidade do país e que pode permitir assegurar uma transição com vista a um governo civil", disse no primeiro discurso desde o início dos confrontos.
O agravamento da situação no Sudão ocorreu no sábado, na altura em que ocorriam conversações sobre a reforma do Exército e a integração das RSF nas Forças Armadas.
Na quinta-feira, as Nações Unidas pediram "tréguas imediatas" de pelo menos três dias.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde morreram pelo menos 330 pessoas e 3.200 ficaram feridas na sequência dos combates no país, desde sábado.
O Exército do Sudão recusou entretanto o estabelecimento de negociações com as RSF indicando que o acordo para uma trégua "não é sinónimo de paz".