Mogadíscio – O chefe do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Martin Griffiths, alertou hoje, segunda-feira, que a Somália encontra-se no limiar da fome e cuja catástrofe pode ocorrer "entre Outubro e Dezembro".
"A fome está a bater à porta. Hoje é um último aviso. O Relatório de Análise Alimentar e Nutricional da Somália mostra dados concretos de que ocorrerá uma situação de fome em duas áreas da região da Bay entre Outubro e Dezembro deste ano", afirmou Martin Griffiths, numa conferência de imprensa na capital somali, Mogadíscio.
A catástrofe irá afectar dois distritos no sul do país, Baidoa e Buurhakaba, advertiu.
Chegado à Somália na passada quinta-feira, Griffiths manifestou-se "profundamente chocado com o nível de dor e sofrimento que tantos somalis estão a enfrentar".
Em todo o país, um total de 7,8 milhões de pessoas, quase metade da população, foi afectado pela seca histórica, que colocou 213 mil pessoas em sério risco de fome, de acordo com os números da ONU.
A fome e a sede levaram um milhão de pessoas a abandonarem as suas zonas em busca de ajuda desde 2021.
O país está a viver a sua terceira seca numa década, mas a actual "ultrapassou as terríveis secas de 2010-2011 e 2016-2017 em termos de duração e severidade", alertou o OCHA em Julho.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), a agência meteorológica da ONU, advertiu em finais de Agosto que a próxima época das chuvas, prevista para entre Outubro e Novembro, também deverá falhar.
A Somália foi atingida pela fome em 2011-2012 que matou cerca de 260 mil pessoas, metade das quais eram crianças com menos de 5 anos. Entre Julho de 2011 e Fevereiro de 2012 foi declarado um estado de fome em várias zonas do sul e centro do país.