Dakar - Doze pessoas que estavam detidas há quatro anos no âmbito de uma investigação sobre o massacre de 14 homens em Casamansa, no sul do Senegal, foram "ilibadas e libertadas", e outras 13 foram encaminhadas para tribunal, segundo o advogado.
De acordo com a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), que cita o advogado, as 12 pessoas estavam detidas desde Janeiro de 2018 na prisão de Ziguinchor, a principal cidade de Casamansa, e foram libertadas na sexta-feira.
Treze outros detidos, incluindo o jornalista Réné Capain Basséne, e um membro da ala política da rebelião de Casamansa, Omar Ampoi Bodian, irão a julgamento, mas a data não foi ainda marcada, disse Ciré Clédor Ly à AFP.
Estas pessoas vão ser julgadas por "associação criminosa, homicídio, tentativa de homicídio, participação num movimento de insurreição, prisão e sequestro ilegais, posse ilegal de armas, roubo com armas e uso de violência", apontou, criticando o que diz ser "um caso sem conteúdo e um julgamento a fingir".
Vinte e sete pessoas estavam detidas como parte da investigação aos homicídios de 2018, incluindo um líder militar do Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC), Cesar Atoute Badiate.
Catorze lenhadores foram mortos em janeiro de 2018 por estes homens armados que, no mesmo mês, assaltaram também quatro turistas espanhóis, depois de terem parado o veículo em que viajavam.
A região de Casamansa, no sul do Senegal e junto à fronteira com a Guiné-Bissau, é o cenário de uma rebelião armada desde 1982, atualmente considerada como um conflito de baixa intensidade, entre o Governo em Dacar e o MFDC.
O movimento exige a independência daquela região senegalesa, separada do resto do país pela vizinha Gâmbia, e que historicamente se reclama abandonada pelo Governo senegalês.
Ao contrário do norte do país, mais árido, o sul do Senegal tem terras férteis e é rico em recursos florestais, sendo o tráfico ilegal de madeira nos últimos anos a principal fonte de financiamento do MFDC, segundo um relatório da organização não-governamental britânica Environmental Investigation Agency (EIA).
Casamansa já foi a zona turística mais popular do Senegal pelas suas florestas e qualidade das praias e, ainda que a rebelião independentista tenha limitado o seu potencial, tem gozado de longos períodos sem incidentes violentos.