Nairobi - O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, visita esta semana o Quénia e a África do Sul, em busca de "alianças estratégicas" no continente africano para Espanha e a União Europeia, a que presidirá no próximo ano.
Estas serão as primeiras visitas oficiais de um chefe do Governo espanhol ao Quénia e à África do Sul e seguem-se a outro périplo de Sánchez na África subsaariana, em 2021, quando passou pelo Senegal e por Angola.
Sánchez defende "uma aliança estratégica" com África, tanto de Espanha como da União Europeia (UE), segundo disseram fontes do Governo espanhol esta semana.
Segundo as mesmas fontes, que sublinharam os debates recentes no seio do Conselho Europeu (que junta os líderes dos países da UE) sobre a geo-estratégia europeia e a necessidade de diversificar a "rede de alianças", frente às posições internacionais da Rússia e da China, por exemplo, duas potências que têm tentado aumentar a sua influência na região subsaariana.
O Governo espanhol presidirá à UE no segundo semestre de 2023 e as fontes da Moncloa (sede do executivo de Espanha) sublinharam também o pacote de medidas aprovado por Bruxelas, na última cimeira UE-União Africana, já este ano, com o objectivo de impulsionar o desenvolvimento em África.
No âmbito da presidência da UE, é "essencial" a intensificação de contactos com líderes africanos, para "impulsionar soluções globais para problemas globais", disseram as mesmas fontes, que referiram questões como as relacionadas com as alterações climáticas, as cadeias de abastecimento, o controlo das redes de imigração ilegal ou o combate ao terrorismo, como acontece na região do Sahel ou no norte de Moçambique, em Cabo Delgado.
Acompanhar os "processos de desenvolvimento" de África é do interesse nacional espanhol e europeu, reforçaram as fontes do executivo espanhol. Neste contexto, Espanha considera o Quénia e a África do Sul dois países "prioritários" nas relações diplomáticas, sendo ambos líderes regionais e pólos de integração regional.
A África do Sul tem os melhores indicadores de desenvolvimento do continente, apesar da grande desigualdade social, e o Quénia é um pólo de estabilidade na África Oriental, além de serem, os dois países, democracias "consolidadas" mesmo que com "as suas imperfeições".
No caso do Quénia, o executivo espanhol destaca que tem tido um papel importante nos fóruns internacionais diplomáticos, com a reiterada condenação à Rússia pelo ataque à Ucrânia e o apoio claro às sanções a Moscovo aprovadas no seio da Assembleia das Nações Unidas e do Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde Nairobi tem assento neste momento.
Sánchez vai encontrar-se nesta viagem com os presidentes dos dois países, o queniano William Ruto (que tomou posse há um mês) e o sul-africano Cyril Ramaphosa.
Pedro Sánchez será o primeiro chefe de Governo estrangeiro que William Ruto vai receber.
O primeiro-ministro espanhol viaja acompanhado de uma comitiva de empresários, sendo que nos dois países há já investimento oriundo de Espanha, com destaque para as áreas da energia, gestão da água e infra-estruturas em geral.
O Governo espanhol apresentou no ano passado o plano "Foco África 2023", com o qual tenta marcar um ponto de viragem nas relações com o continente africano e diversificar a sua influência diplomática fora da Europa, tradicionalmente centrada na América Latina e no norte de África.
O objectivo é alcançar uma nova parceria estratégica em que Madrid possa liderar a acção da União Europeia com esta parte do mundo, beneficiando de Espanha "não ser vista como antiga potência colonial" neste continente, segundo as fontes da Moncloa.
O "Foco África 2023" considera como "países âncora" Nigéria, Etiópia, África do Sul; e como "países prioritários" Senegal, Costa do Marfim, Ghana, Quénia, Tanzânia, Moçambique e Angola.