Luanda - A guerra no Sudão que provocou nos últimos 10 dias pelo menos 124 mil pessoas mortas, a visita do presidente Macron a Marrocos e o pedido de demissão apresentado pelo estadista tsuanês, Mokgweetsi Masisi, após derrota do seu partido nas eleições legislativas de quarta-feira, foram, dentre outras, as principais manchetes da semana no noticiário da Agência Angola Press, que hoje termina.
As mortes, das quais 10 crianças, foram atribuídas as Forças de Apoio Rápido Paramilitares (RSF), durante um ataque na região sudanesa de El Gezira, que também feriram 43 adolescentes e forçaram o deslocamento de 119.400 pessoas, como afirmou a directora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Catherine Russell.
Segundo fontes locais, o ataque foi por vingança após a rendição de uma alta patente da RSF, Abuagla Keikal, ao exército governamental no último domingo, e também pelo facto das forças governamentais estarem armar civis desta localidade, agora sob o comando do oficial “desertor”.
Na diplomacia, o Presidente francês, Emmanuel Macron, visitou o Reino de Marrocos onde assinou 22 acordos com as autoridades locais no valor de 10 mil milhões de euros em investimentos para diversos sectores, dentre eles os transportes ferroviários do país.
Por outro lado, reconheceu no Parlamento local a soberania marroquina sobre o território do Sahara Ocidental.
Durante a visita, o estadista gaulês propôs ao rei de Marrocos, Mohammed VI, a assinatura de um novo "quadro estratégico" bilateral em 2025, em Paris (França), por ocasião do 70.º aniversário da declaração que selou a independência marroquina.
Emmanuel Macron e Mohammed VI tencionam pôr um ponto final numa série de contenciosos, desde as suspeitas de escutas telefónicas de Macron até à redução para metade do número de vistos concedidos aos marroquinos em 2021-2022 para pressionar Marrocos a recuperar os seus cidadãos ilegais expulsos de França.
Por sua vez, face à visita, o Governo sahrauí condenou o apoio da França ao Marrocos, considerando que o país europeu é contrário aos esforços do Conselho de Segurança da ONU que pretende pôr fim ao processo de descolonização da ex-colónia espanhola.
Num comunicado enviado à agência Lusa, o governo da República Árabe Sahrauí Democrática (RASD), liderado por Brahim Ghali, que é igualmente secretário-geral da Frente Polisário, refere que a posição do Presidente francês, Emmanuel Macron, "estimula o regime marroquino a continuar a sua política agressiva contra o povo sahrauí".
"A posição manifestada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, no parlamento marroquino exclui a França, enquanto membro permanente do Conselho de Segurança, dos esforços das Nações Unidas para pôr fim ao processo de descolonização no Sahara Ocidental", consideram as autoridas sarauís.
O pedido de demissão apresentado na sexta-feira pelo Presidente do Botswana, Mokgweetsi Masisi, após derrota do seu partido nas eleições legislativas de quarta-feira, foi também destaque no noticiário africano da ANGOP, durante os últimos sete dias.
"Gostaria de felicitar a oposição pela sua vitória e conceder a eleição", declarou o chefe de Estado cessante, de 63 anos, durante uma conferência de imprensa, cujo partido governou o país durante 58 anos.
Masisi, que tomou posse em 2018, garantiu que iria iniciar todos os procedimentos administrativos para facilitar a transição.
"Estamos realmente preparados para nos demitirmos e nos tornarmos uma oposição leal que fiscaliza o governo", disse o líder de 63 anos.
Os resultados parciais indicam que a Coligação para a Mudança Democrática (UDC) lidera com 19 dos 61 lugares no parlamento, seguido do Partido do Congresso de Botsuana (BCP, na sigla em inglês, com 7) e a Frente Patriótica do Botsuana (BPF, com 5).
O Partido Democrático do Botsuana (BDP), do Presidente Masisi, conquistou apenas um lugar até ao momento.
Outro assunto que mereceu atenção são as contestações contra os resultados das eleições legislativas e presidenciais em Moçambique, que na quinta-feira provocaram ferimentos a 36 polícias, após confrontos com os manifestantes no primeiro dia de greve geral de uma semana, convocada pelo candidato presidencial do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Venâncio Mondlane.
"Depois da convocação, a polícia foi chamada a intervir em 58 manifestações, das quais 38 foram violentas (...) Tenho 36 membros acamados, alguns dos quais não terão mais a capacidade de trabalhar como PRM (Policia da República de Moçambique)", revelou o comandante-geral da corporação, Bernardino Rafael.
Nas manifestações dos dias 21, 24 e 25 de Outubro, igualmente incentivadas Mondlane, provocaram pelo menos 11 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.
E na Guiné, a dissolução esta semana pela Junta Militar no poder de 53 partidos políticos e a vigilância obrigatória de outros 54 durante três meses, constituiu igualmente destaque do noticiário africano.
Segundo as autoridades locais, as medidas foram tomadas com base numa avaliação de todos os partidos políticos, iniciada em Junho, que pretendia "limpar o tabuleiro de xadrez político", por não terem realizado os respectivos congressos dentro do prazo e não forneceram extractos bancários, entre outros assuntos.
Durante a “vigilância” de três meses, o movimentos abrangidos poderão funcionar normalmente, mas deverão resolver as irregularidades apontadas. Entre os partidos, destacam-se a Reunião do Povo Guineense, do antigo presidente Alpha Condé, deposto pelos militares em 2021, e a União das Forças Democráticas da Guiné.
Também foi noticiado que o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) receberá uma contribuição da Suécia de quase cinco milhões de dólares para melhorar a integração regional dos mercados de capitais, informou segunda-feira a organização.
De acordo com a instituição, o subsídio será atribuído ao Fundo Fiduciário para o Desenvolvimento dos Mercados de Capitais pertencente ao BAD, com sede em Abidjan, capital da Côte d’Ivoire.DSC/CS