Kinshasa - Mais de 30 pessoas foram mortas num conjunto de ataques lançados nos últimos dias pelos rebeldes extremistas no leste da República Democrática do Congo (RDC), de acordo com organizações locais de direitos humanos.
"Nesta área vários agricultores foram mortos e o número total de 31 falecidos é apenas provisório porque há muitos mais corpos que ainda não foram encontrados", disse o coordenador da Convenção para o Respeito pelos Direitos Humanos, Christophe Munyanderu, aos jornalistas, citado pela agência de notícias AP.
Munyanderu referia-se aos ataques das Forças Democráticas Aliadas (ADF), com ligações ao grupo Estado Islâmico, na região entre os territórios de Irumu e Mambasa, na província de Ituri, no leste da RDC, que faz fronteira, a sul, com Angola.
Os ataques por grupos rebeldes como as ADF têm aumentado recentemente, e desde Abril do ano passado já mataram 370 civis e raptaram várias centenas, incluindo um número significativo de crianças, segundo as Nações Unidas, que registam a presença de mais de 120 grupos armados na região norte e leste do país.
"As ADF começaram a expandir-se para Ituri em 2021, explorando as tensões entre as comunidades locais e preenchendo um vazio de segurança deixado pelo governo na distante capital de Kinshasa; a sua capacidade para fazer massacres de reforma regular, como este, indica que o grupo dificilmente será vencido nos próximos tempos", comentou o analista Benjamin Hunter, da consultora de risco Verisk Maplecroft, à AP.
Para além da difícil situação de segurança no nordeste do território, a RDC enfrenta também graves problemas no norte do país, na província do Kivu do Norte, onde os rebeldes do Movimento 23 de Março continuam em guerra com as forças governamentais, apesar do acordo de paz. JM
Durante o último ano, cerca de um milhão de pessoas tiveram de fugir das suas casas devido ao desastre humanitário criado pelos confrontos, alertou esta semana a organização não governamental Médicos Sem Fronteiras.
"A crise no Kivu do Norte tornou-se absolutamente chocante na escala e na severidade, mas a resposta humanitária é demasiado lenta em demasiados sítios", disse a directora executiva dos MSF nos Estados Unidos, Avril Benoît, que está actualmente a trabalhar em Goma, capital desta província.