Kinshasa - O Governo da República Democrática do Congo (RDC) apelou, esta sexta-feira, para a calma perante as alegações de irregularidades nas eleições gerais da semana passada e excluiu a possibilidade de anular os resultados, que ainda estão a ser apurados.
"A ideia é que todos estejam conscientes da sensibilidade deste processo", explicou o ministro da Comunicação e porta-voz do Governo, Patrick Muyaya, sublinhando que as eleições "são um processo complexo, que afecta mais de 44 milhões de eleitores e mais de 100 mil candidatos num país que quer consolidar a sua democracia".
"Todos devemos assegurar que, a partir das nossas posições, actuamos e dizemos coisas que servem para consolidar a democracia", afirmou, antes de criticar a oposição por "se preparar para rejeitar as eleições" desde o início da votação.
"É um problema de coerência, uma vez que eles participaram", argumentou, insistindo que "o 'fair play' exige que os adversários participem no jogo até ao fim e que, se quiserem recorrer, o façam pelas vias legais".
Muyaya referiu-se à convocação de manifestações por vários candidatos, incluindo uma na quarta-feira na capital, em Kinshasa (capital), que não foi autorizada pelo Governo e levou a confrontos que resultaram em pelo menos uma dúzia de feridos.
"Vamos garantir que a segurança e a ordem pública sejam mantidas", afirmou Muyaya, citado pela estação Radio France Internationale.
O porta-voz do Governo congolês reconheceu "dificuldades" durante o dia de votação, incluindo atrasos na abertura das assembleias de voto e problemas com as máquinas de voto, mas observou que deve ser tida em conta "a grande mobilização dos eleitores congoleses, que esperaram dez e doze horas sem se impacientarem ou praticarem actos de violência ou revolta".
Já a missão de observação eleitoral da Conferência Nacional Episcopal do Congo (CENCO) e da Igreja de Cristo no Congo (ECC) declarou, esta quinta-feira, que a votação foi marcada por "numerosas irregularidades suscetíveis de afectar a integridade dos resultados em vários dos escrutínios".
Sublinhou que um dos candidatos se distanciou dos restantes, com mais de metade dos votos a seu favor, numa aparente referência ao Presidente cessante, Félix Tshisekedi.
De acordo com os números provisórios da Comissão Eleitoral, Tshisekedi lidera a contagem com quase 79% dos votos, seguido de Moïse Katumbi (14,27%) e de Martin Fayulu (4,23%).
Os dois opositores denunciaram numerosas irregularidades durante a votação, que teve de ser prolongada por dois dias devido a atrasos na abertura das assembleias de voto, algumas das quais foram atacadas.DSC