A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) manifestou-se hoje (sexta-feira) alarmada com os contínuos ataques rebeldes contra civis deslocados na RDC, que já mataram 79 pessoas e obrigaram à fuga de pelo menos 35.000 desde 01 de Fevereiro.
O porta-voz da ACNUR, Boris Cheshirkov, disse numa conferência de imprensa que nos primeiros dez dias de Fevereiro registaram-se oito ataques graves do grupo rebelde Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (CODECO) a pessoas deslocadas na província de Ituri, no norte do país.
O ataque mais recente ocorreu na manhã de terça-feira, 15 de Fevereiro, quando membros das milícias rebeldes com facções atacaram uma aldeia na cidade de Longo e massacraram pelo menos 17 pessoas, incluindo oito crianças.
Os assaltantes atearam fogo aos abrigos e queimaram viva uma mãe e os seus dois filhos, disse Cheshirkov.
O grupo já matou pelo menos 62 pessoas e deslocou 25.000 num outro ataque a um campo de deslocados na província de Ituri, no dia 01 de Fevereiro.
A ACNUR apelou ao fim "imediato" da violência contra civis e à suspensão dos raptos e ataques a trabalhadores humanitários na área, para que possam continuar as suas operações sem pôr em risco a sua segurança.
Ituri e a província vizinha do Kivu Norte estão sitiadas desde Maio de 2021 em resposta à escalada da violência, mas desde então mais de 1.000 civis foram mortos.
Na vizinha província do Kivu Sul, pelo menos 10.000 pessoas foram deslocadas desde o início de Fevereiro.
Cheshirkov alertou ainda para o facto de as grandes vagas de deslocados estarem a consumir os recursos das populações vizinhas e recordou que a ACNUR necessita de 225,4 milhões de dólares este ano para satisfazer as necessidades básicas das pessoas mais vulneráveis da República Democrática do Congo.
Desde 1998, o leste da RDC tem estado mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença da Missão de Manutenção da Paz da ONU (MONUSCO), que enviou mais de 14.000 soldados.