Kinshasa - Os chefes de Estado dos países da Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês) decidiram esta quinta-feira enviar rapidamente uma força militar regional para a República Democrática do Congo (RDC) para resolver a insegurança no nordeste do país.
"O estabelecimento da força regional para combater as forças inimigas deve começar imediatamente sob a liderança da RDC", declararam num comunicado após uma cimeira dedicada à segurança e realizada em Nairobi, capital do Quénia, país cujo Presidente Uhuru Kenyatta lidera actualmente a EAC.
Além de Kenyatta, participaram na reunião os Presidentes da RDC, Felix Antoine Tshisekedi, do Burundi, Evariste Ndayishimiye, do Uganda, Yoweri Museveni, e o chefe da diplomacia do Rwanda, Vincent Biruta, em representação do Presidente ruandês, Paul Kagame.
Os dirigentes recordaram durante a cimeira que deve ser realizado o mais rapidamente possível um diálogo consultivo entre o Presidente da RDC, país que aderiu à EAC em Março passado, e os representantes dos grupos armados daquele país.
A este respeito, consideraram que todos os grupos armados da RDC devem participar "incondicionalmente" no processo político para resolver as suas reivindicações e que os grupos armados estrangeiros na RDC se devem desarmar e regressar "incondicional e imediatamente" aos seus respectivos países de origem.
"Se não o fizerem", lê-se no comunicado, "serão consideradas forças inimigas e tratados militarmente".
Os participantes na cimeira decidiram a realização de um novo encontro dentro de um mês para avaliar os progressos alcançados no que qualificaram de "conversas frutíferas, realizadas num ambiente franco e cordial, e com o objectivo de promover a paz, a estabilidade e o desenvolvimento no leste da RDC e na grande região da África Oriental".
No comunicado deste conclave, que decorreu à porta fechada, não foi feita qualquer referência, no entanto, às forças armadas do Rwanda, acusadas no final de Março passado por Kinshasa de colaborarem com os rebeldes do grupo M23, o mais importante.
Desde 1998 que o leste da RDC está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército governamental, apesar da presença da missão das Nações Unidas (Monusco), com mais de 14 mil efectivos.
A ausência de alternativas estáveis e de métodos de subsistência tem levado milhares de civis a pegar em armas e, segundo o 'think tank' Barómetro de Segurança Kivu, a região é um campo de batalha para pelo menos 122 grupos.