Kinshasa - Pelo menos 27 pessoas morreram no Nordeste da República Democrática do Congo (RDC) num ataque atribuído aos rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF), disseram sábado fontes da sociedade civil.
“ A população está a fugir em todas as direcções porque não há presença do exército nesta área", disse Kinos Katuho, presidente da sociedade civil da aldeia de Mamove, situada a cerca de 12 quilómetros do local do incidente, de acordo com os meios de comunicação locais.
O ataque ocorreu na aldeia de Mambumembume na província de Kivu do Norte.
Katuho disse que os rebeldes queimaram a cerca de dez casas, desconhecendo o paradeiro de várias pessoas.
Os atacantes usaram catanas para matar algumas das suas vítimas e a sociedade civil está a recuperar os corpos para os transportar para uma morgue próxima, disse Katuho.
A ADF é um grupo rebelde de origem ugandesa, actualmente sediado no Nordeste da RDC, perto da fronteira do país com o Uganda.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a ADF foi responsável por cerca de mil e 260 mortes em 2021, o que a tornou no grupo armado mais letal da RDC.
Além disso, as autoridades ugandesas acusaram a ADF de organizar três atentados suicidas à bomba no seu território em Novembro de 2021.
Os objectivos da milícia não são claros, para além de uma suposta ligação à organização terrorista Estado Islâmico, que por vezes reivindica a responsabilidade pelos seus ataques.
Embora os peritos do Conselho de Segurança da ONU não tenham encontrado provas de apoio directo do Estado Islâmico à ADF, os Estados Unidos identificaram os rebeldes como uma "organização terrorista" afiliada ao grupo jihadista desde Março de 2021.
A fim de neutralizar a ADF, os exércitos da RDC e do Uganda iniciaram uma operação militar conjunta em solo congolês no final de Novembro de 2021, que ainda está em curso.
Desde 1998, o leste da RDC tem sido assolado por conflitos alimentados por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU, com mais de 14.000 soldados.
A ausência de alternativas e de meios de subsistência estáveis levou milhares de congoleses a pegar em armas e, segundo o barómetro de segurança de Kivu, o Grupo de Estudo do Congo, a região é o campo de batalha de pelo menos 122 grupos rebeldes.