Bangui - Os quatro militares do exército francês que trabalham para a missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (RCA) detidos na segunda-feira foram hoje libertados, anunciou a ONU.
"Os quatro membros do pessoal da Minusca [Missão das Nações Unidas na RCA] detidos no aeroporto de Bangui acabam de ser libertados", disse o comandante da missão, Mankeur Ndiaye, citado pela agência France-Presse.
A informação foi, entretanto, confirmada pela embaixada francesa em Bangui na sua conta na rede social Twitter.
Os quatro militares foram detidos na segunda-feira perto do aeroporto de Bangui, a capital do país, enquanto escoltavam um general francês da direção da Minusca, e estavam armados.
De acordo com o procurador do Ministério Público de Bangui, que anunciou uma investigação para esclarecer os factos, os quatro militares "são de nacionalidade francesa, italiana, romena e búlgara", e viajavam num veículo descaracterizado e sem o logótipo da ONU.
Segundo a AFP, os quatro militares foram acusados nas redes sociais de terem querido "assassinar" o Presidente, Faustin Archange Touadéra, cuja comitiva iria passar no local. França e a ONU, que acusam regularmente o poder em Bangui de ser "cúmplice de uma campanha de desinformação antifrancesa" orquestrada por Moscovo, negaram veementemente a acusação e denunciaram uma "manipulação grosseira".
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, exigiu na quarta-feira a libertação dos soldados, alertando que o procedimento estabelecido entre a ONU e a República Centro-Africana (RCA) em caso de suspeita de infrações do pessoal da ONU "não foi respeitado".
A detenção ocorreu numa altura em que as relações entre a França e a sua antiga colónia estão cada vez mais tensas, em grande parte pela guerra de influência que Moscovo e Paris estão a travar neste país africano, em conflito desde 2013.
Portugal está presente na RCA, com 191 militares integrados na missão das Nações Unidas e outros 26 militares no âmbito da missão da União Europeia (EUTM-RCA) de formação e aconselhamento das forças de segurança e defesa.