Nairobi - O presidente cessante do Quénia, Uhuru Kenyatta, prometeu uma transferência pacífica de poder após as eleições de Agosto, mas recusou-se mais uma vez a felicitar o vencedor, William Ruto, reiterando o seu apoio ao candidato derrotado, Raila Odinga, noticiou hoje a Lusa.
“Vou entregar o poder com um sorriso no rosto porque é meu dever constitucional fazê-lo, mas o meu líder é Raila Odinga", disse Kenyatta, lamentando que o antigo adversário e agora aliado não tenha ganhado as eleições, segundo o diário queniano “The Star”.
Ruto confirmou que o presidente não o felicitou, referiu que este "talvez esteja um pouco desapontado" com a derrota de Odinga.
"Infelizmente, o Presidente não me deu os parabéns, mas isso não é um problema. Talvez esteja um pouco desapontado ou triste por eu ter derrotado o seu candidato. Essa é a natureza da política", disse.
O Supremo Tribunal queniano confirmou segunda-feira a eleição de William Ruto, concluindo semanas de controvérsia e incerteza marcadas por acusações de fraude.
Os resultados anunciados em 15 de Agosto pela Comissão Eleitoral Independente deram Ruto como o vencedor das eleições presidenciais mais renhidas da história do país, com uma vantagem de cerca de 233 mil votos (50,49% contra 48,85%) sobre Raila Odinga.
Figura histórica da oposição apoiada este ano pelo Presidente Kenyatta, Odinga alegou que o sufrágio foi marcado por fraudes e recorreu para o Supremo Tribunal, considerando estar a travar "uma luta pela democracia e pela boa governação".
"Esta é uma decisão unânime. Os recursos são rejeitados pela presente. Em consequência, declaramos o primeiro respondente (William Ruto) eleito Presidente", disse a juíza presidente do Supremo Tribunal queniano, Martha Koome.
Nos termos da Constituição do país, Ruto deve prestar juramento em 13 de Setembro e tornar-se, aos 55 anos, o quinto Presidente do Quénia desde a independência do país, em 1963.
As eleições no Quénia têm sido fonte de violência por várias vezes, a mais mortal das quais, em 2007, fez mais de 1.100 mortos e centenas de milhares de deslocados internos.
O Quénia é um importante aliado ocidental na volátil região do Corno de África e abriga a sede regional de muitas empresas e organizações internacionais, incluindo agências da ONU e várias embaixadas estrangeiras.