Kinshasa - Quatro polícias foram hoje mortos quando cercavam uma manifestação contra a insegurança num importante entreposto comercial no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), afectada pela violência armada, anunciou fonte militar.
Durante o protesto, homens armados misturados com a multidão surgiram perto do bairro de Kangote em Butembo (Kivu do Norte) e dispararam contra polícias que cercavam a manifestação, disse o chefe do exército em Butembo, coronel Mozebo E'pape, citado pela agência France-Presse.
"O balanço provisório é de quatro polícias mortos pelos assaltantes que estavam entre os manifestantes e três jipes incendiados", disse o militar, cujos homens foram em auxílio da polícia.
Por seu lado, o Barómetro de Segurança do Kivu, um projecto que investiga a violência naquela região e que tem especialistas na cidade, escreveu que "pelo menos dois polícias, incluindo o comandante adjunto da polícia, foram mortos".
"A situação é grave neste momento. Um grupo armado cuja proveniência ignoramos parece invadir Butembo do lado do bairro Kangote", disse Mathe Saanane, representante da sociedade civil de Butembo.
Quatro 'capacetes azuis' foram mortos em Butembo em 26 de Julho, durante manifestações contra as Nações Unidas.
A situação está tensa na cidade desde o início da semana.
Na quarta-feira, dois polícias foram mortos num ataque à prisão de Butembo por membros do grupo Forças Democráticas Aliadas (ADF) apresentado pelo grupo extremista Estado Islâmico como o seu ramo na África Central.
As ADF são acusadas de massacrar milhares de civis no leste da RDCongo e de ter cometido atentados no Uganda
Desde Novembro, as forças armadas congolesa e ugandesa realizam operações conjuntas contra as ADF, mas ainda não conseguiram terminar com os ataques.
A zona de Butembo não é abrangida por essas operações.
As províncias de Kivu do Norte e Ituri estão desde Maio de 2021 sob estado de sítio, medida que dá plenos poderes aos militares e aos polícias.
Desde 1998, o leste do país tem sido palco de um conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença da missão das Nações Unidas (Monusco), com mais de 14.000 soldados destacados.