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Primeiro-ministro são-tomense nega ligação a ataque ao quartel militar

     África              
  • Luanda • Quarta, 07 Dezembro de 2022 | 10h53
Primeiro-Ministro de São-Tomé, Patrice Trovoada
Primeiro-Ministro de São-Tomé, Patrice Trovoada
Divulgação

São Tomé - O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, negou hoje qualquer envolvimento no assalto ao quartel-general das Forças Armadas, ocorrido em 25 de Novembro, acusando os opositores de criarem "uma cortina de fumo", aguardando tranquilamente o resultado das investigações

"Não sei como um governo com maioria absoluta, 11 dias depois da tomada de posse, com todos os responsáveis dos serviços das forças de defesa e segurança nomeados peloanterior governo, procura fazer um golpe de Estado contra si próprio, não sei com que objectivos", afirmou, em entrevista à Lusa, Patrice Trovoada, que se encontra em Lisboa para encontros com as autoridades nacionais.

O chefe do Governo respondia assim a acusações de opositores de que terá estado por detrás dos acontecimentos de 25 de Novembro, em que morreram quatro pessoas, classificado pelas autoridades são-tomenses como "uma tentativa de golpe de Estado" e condenado pela comunidade internacional.

Patrice Trovoada recordou que assumiu o cargo em 11 de Novembro e o seu Governo iniciou funções três dias depois, "com uma situação económica e financeira catastrófica, mas com um apoio popular muito confortável, e com boas disposições da comunidade internacional".

"O nosso objectivo fundamental é construir um país melhor para os são-tomenses, mas sobretudo os mais necessitados. Qual é o meu problema em me envolver nesse cenário macabro... enfim, como é que eu podia? Não sei, sinceramente. Não consigo interpretar o que está por detrás dessas difamações", comentou.

As acusações, disse, são "uma cortina de fumo, que não serve os protagonistas da cortina de fumo".

Patrice Trovoada recordou que, horas depois dos acontecimentos, o seu Governo pediu apoio na investigação a Portugal, que enviou elementos da Polícia Judiciária e do Instituto de Medicina Legal, bem como às Nações Unidas e à Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).

"Por que razão o faria se fossemos nós à testa disto tudo?", questionou.

Assegurou que o seu executivo "está bem longe de qualquer interferência no trabalho das entidades judiciais neste processo", disse que a sua "preocupação é deixar tranquilamente a investigação fazer o seu trabalho e criar todas as condições para que esse trabalho seja feito com objectividade e serenidade".

Patrice Trovoada disse à Lusa estar em Lisboa para "em primeiro lugar, agradecer a ajuda rápida que Portugal dispensou" para a investigação depois dos acontecimentos do dia 25.

"Realmente é uma ajuda de grande importância para o sistema, para a estabilidade em São Tomé e Príncipe, para que toda a gente fique confortável quando começarmos a tomar conhecimento dos relatórios preliminares", comentou.

Na terça-feira, o chefe do Governo são-tomense foi recebido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de quem disse querer ouvir conselhos.

"Para mim também a nível pessoal, é uma situação delicada que estamos a viver em São Tomé e Príncipe e eu como primeiro-ministro, não posso poupar conselhos de pessoas que têm grande experiência em todos os domínios, nomeadamente no conhecimento da natureza humana", referiu.

Após o ataque, três dos quatro assaltantes e Arlécio Costa, um antigo combatente do “batalhão Búfalo” alegadamente identificado como mandante do ataque, morreram, quando se encontravam sob custódia dos militares, tendo circulado imagens e vídeos que mostram que foram alvo de maus-tratos.

Na quinta-feira passada, o Governo são-tomense anunciou ter feito uma denúncia ao Ministério Público para que investigue a "violência e tratamento desumano" de militares contra detidos após o ataque ao quartel-general das Forças Armadas.

No mesmo dia, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe pediu a demissão, denunciando "actos de traição" e condenando os "factos horrorosos" que envolveram a morte de quatro detidos.

Nas primeiras horas após o ataque, os militares também detiveram, na sua casa, o ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, alegadamente identificado pelos atacantes também como mandante do assalto.

Delfim Neves foi libertado três dias depois, após ter sido presente à juíza de instrução criminal, com apresentação periódica às autoridades e termo de identidade e residência, e negou qualquer envolvimento com este acto, que descreveu como "uma montagem" para o incriminar.





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