Kinshasa - O primeiro avião com ajuda humanitária da União Europeia para a República Democrática do Congo (RDC) aterrou sexta-feira à noite em Goma, no leste do país, anunciou o embaixador da UE neste país africano.
“Este é o primeiro avião, outro chegará na próxima semana e outros seguirão, sem dúvida", disse o embaixador da União Europeia na RDC, Jean-Marc Châtaigner, aos jornalistas logo após a aterragem do avião.
O avião com ajuda humanitária chegou numa altura em que os combates entre os rebeldes e as forças militares já estão a menos de 30 quilómetros de Goma, a capital da província do Kivu do Norte, uma região fortemente afectada pelo conflito entre os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) e as forças governamentais.
A UE anunciou na semana passada o estabelecimento de um transporte aéreo civil humanitário para Goma, com o apoio da França, para ajudar as pessoas gravemente afectadas pelos combates.
A carga transportada para o Kivu do Norte, em colaboração com a UNICEF e outros parceiros humanitários, consiste em material médico, alimentar e outros materiais de emergência, disse a UE, precisando que entre a ajuda estão tendas, colchões, kits de higiene e equipamento médico.
Goma é a capital do Kivu Norte, uma província na qual a M23, apoiada pelo Rwanda, segundo Kinshasa e peritos da ONU, conquistou grandes extensões de território desde o ano passado.
A maior parte das rotas de abastecimento por terra até à capital estão cortadas e Goma está “encurralada” entre o Rwanda, a leste, o lago Kivu, a sul, e os rebeldes, a norte e a oeste.
A cidade alberga mais de um milhão de pessoas, a que se juntam milhares de deslocados de guerra que tiveram de fugir das suas aldeias devido aos combates.
De acordo com as autoridades, quase 600.000 pessoas chegaram "à cidade e arredores" nos últimos meses, disse o embaixador da UE.
"O que está a acontecer no leste do Congo é intolerável", disse o embaixador francês, Bruno Aubert.
Para além do M23, o principal grupo rebelde na região, vários grupos armados têm estado activos há quase 30 anos.
A RDC regista a maior crise de deslocação interna em África, com 5,8 milhões de pessoas deslocadas internamente, principalmente no leste do país, e acolhe também mais de um milhão de refugiados dos países vizinhos.CNB/GAR