Kigali - O presidente rwandês, Paul Kagame, fez um apelo inequívoco aos seus concidadãos, pedindo-lhes que se mantenham firmes perante as ameaças à nação, noticiou o site APA News.
"Não há nada pior que nos possa acontecer do que a tragédia a que sobrevivemos. É por isso que não devemos ter medo de falar, de lutar por nós próprios e contra aqueles que nos querem destruir ", afirmou o estadista durante um encontro realizado no domingo, em Kigali, com cidadãos no âmbito do programa " Kwegera Abaturage " (Aproximando-se dos Cidadãos).
O discurso de Kagame, repleto de referências ao genocídio de 1994, reflectiu a posição intransigente do seu país face ao que vê como ameaças persistentes.
Por seu turno, o ministro local dos Negócios Estrangeiros, Olivier Jean Patrick Nduhungirehe, reforçou a posição presidencial numa entrevista à RTBF no dia 12 de Março, declarando que " é normal que o Rwanda implemente as suas medidas para proteger a nossa população ". Descreveu a situação como " uma ameaça permanente dos últimos 30 anos da RDC, dos vários governos congoleses, das várias milícias".
O ministro rejeitou categoricamente as acusações de envolvimento territorial rwandês no leste da RDC. " Quem tomou territórios no leste da RDC, Goma, Bukavu, é o M23, que é um movimento congolês. O Rwanda, como expliquei, não está a tomar território no leste da RDC”, disse.
As declarações do Presidente rwandês surgem numa altura em que o estadista angolano João Manuel Gonçalves Lourenço, também actual presidente da União Africana, lançou um apelo urgente a todas as partes em conflito no leste da RDC para " cessarem todas as hostilidades " a partir da meia-noite de 16 de Março de 2025.
O apelo de cessar-fogo do presidente angolano afirma claramente que a cessação das hostilidades deve incluir "todas as acções hostis possíveis contra populações civis, bem como a conquista de novas posições na zona de conflito", a fim de criar um clima de desescalada propício às "negociações de paz que ocorrerão muito em breve em Luanda entre a República Democrática do Congo e o M23 " .
Esta iniciativa diplomática ocorre poucos dias após a decisão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) de terminar o mandato da sua missão militar na RDC (SAMIDRC) e iniciar uma retirada gradual das tropas destacadas, durante uma cimeira extraordinária realizada no dia 13 de Março em Harare, sob a presidência do Emmerson Mnangagwa.DSC/CS