Maputo – O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, visitou esta terça-feira (31), o posto administrativo de Ressano Garcia, no distrito de Moamba, província de Maputo, para aferir o nível de funcionamento da estação ferroviária após as manifestações violentas.
Ressano Garcia é o maior posto fronteiriço terrestre do país, que também foi palco das manifestações violentas desencadeadas em protesto aos resultados eleitorais que culminaram em actos de vandalismo, noticia a AIM.
Estes actos restringiram, em grande medida, o comércio transfronteiriço e a circulação de pessoas e mercadorias. Aliás, os manifestantes chegaram ao extremo de querer definir a lista de mercadorias autorizadas a atravessar a fronteira.
Para melhor aferir os prejuízos provocados pelos manifestações, Nyusi fez questão de regressar de comboio, na linha férrea que liga o distrito de Moamba e a cidade de Maputo, uma viagem que também serviu para confirmar o estado operacional da linha para o transporte de pessoas e bens.
“Vamos regressar por via ferroviária para confirmarmos se de facto a linha está a funcionar”, disse.
Nyusi reconheceu que “a estação está funcional, mas a báscula ficou prejudicada, por isso estão a usar meios alternativos para o seu funcionamento”.
O estadista moçambicano, que manifestou a sua frustração com os danos infligidos às infra-estruturas e equipamento, sublinhou que “Estas acções não têm nada a ver com política. Os comboios carregam todo o tipo de pessoas, sem excepção. Por isso, considero menos importante a identificação dos culpados, mas sim apelar à população para a protecção dos bens e dos serviços outrora pedidos, nomeadamente a água, energia, dentre outros”.
Nyusi disse ter constatado que a situação no país tende a normalizar. “Ficamos com a consciência e alguma lucidez de que as coisas estão a caminhar bem”, frisou.
Dirigindo-se aos trabalhadores da empresa Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), Nyusi encorajou-os para não desanimarem. Apurou a necessidade de duplicação da linha férrea para que o movimento de pessoas e mercadorias possa fluir ininterruptamente.
“Agora podemos exigir mais, porque hoje estamos mais flexíveis, tal como fizemos no Zimbabwe, na linha de Machipanda, também tem que acontecer aqui”, esclareceu.
Acrescentou também que está ciente da ocorrência de congestionamentos, “mesmo que possamos imprimir uma necessidade de paridade da linha, mas se os outros não o fizerem pode inviabilizar a circulação”.
Na companhia dos trabalhadores dos CFM, disse ter recebido destes boas ideias que, “vão adiantar algumas estações mais para o interior”.
Já, o Presidente do Conselho de Administração dos CFM, Agostinho Langa, disse que a empresa necessita de mais de 10 milhões de dólares para a reposição das infra-estruturas danificadas.
Refira-se que, a estação de Tenga é um dos pontos onde os manifestantes causaram prejuízos avultados.
“Os manifestantes vandalizaram a linha e agora temos que repor, é o caso da estação de Tenga e Matola Gare. Felizmente, não incendiaram as estações, mas incendiaram tudo o que estava a volta. O cenário verificou-se também na linha de Sena, que foi queimada. Entretanto, o levantamento feito em torno dos prejuízos gira em torno de 10 milhões”, disse.
Segundo Langa, a reparação dos danos está condicionada, devido ao difícil acesso do equipamento electrónico que é importado da África do Sul e, nesta altura do ano, algumas empresas estão fechadas. ADR