Joanesburgo - A polícia sul-africana retirou hoje de madrugada dezenas de camiões e carrinhas táxi que bloquearam os acessos da N2, junto Empangeni e à cidade portuária de Richards Bay, norte da província de KwaZulu-natal, sudeste do país, noticiou o site Notícias ao Minuto.
"Esta manhã, às 04:00 (03:00 em Luanda), foram utilizados camiões para bloquear a R34, bem como a autoestrada N2, em Empangeni, em ambas as direcções. A estrada está agora reaberta ao tráfego", declarou à imprensa local a porta-voz da polícia sul-africana Nqobile Qwala.
Na quarta-feira, pelo menos 15 motoristas de carrinhas táxi foram detidos na cidade de Mbombela, província sul-africana de Mpumalanga, que faz também fronteira com Moçambique, por alegadamente instigarem o bloqueio da N4, a principal autoestrada no nordeste do país que liga a Moçambique, segundo a polícia sul-africana.
De acordo com as autoridades, os condutores de camiões estacionaram os veículos e foram-se embora, alegadamente em protesto contra o aumento dos preços dos combustíveis na quarta-feira no país.
O porto de Richards Bay, construído na década de 1970, movimenta mais de 80 milhões de toneladas anualmente, representando 55% do volume total de carga marítima do país, segundo as autoridades portuárias sul-africanas.
O porto é considerado o maior terminal de exportação de carvão da África do Sul, servindo as minas de carvão nas províncias de KwaZulu-Natal e Mpumalanga.
A África do Sul enfrenta, em pleno inverno, múltiplos cortes de energia sem precedentes, afectando os mais de 60 milhões de habitantes com 12 a 16 horas por dia sem energia eléctrica.
Os novos cortes de energia são os mais severos desde 2019 na África do Sul.
A estatal eléctrica Eskom, que atribuiu a recente escalada de cortes a uma greve salarial "ilegal" de última hora, mantém os 'apagões' apesar de um acordo com os sindicatos na terça-feira para um aumento salarial de 7%, uma semana depois de agravar o nível de cortes de energia para o sexto mais severo, numa escala de oito.
No ano passado, nesta data, a província do KwaZulu-Natal foi o centro de ações de violência e pilhagens que abalaram a África do Sul durante cerca de duas semanas.
Os incidentes começaram um dia após o ex-Presidente Jacob Zuma, que se encontra em liberdade condicional médica, ter sido detido e condenado a 15 meses de prisão por desacatos à justiça.
Após a detenção, o país mergulhou numa série de protestos e pilhagens sem precedentes na história recente da África do Sul pós-'apartheid'.
Segundo o Presidente, Cyril Ramaphosa, que é também presidente do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido no poder desde 1994, tratou-se de uma tentativa orquestrada de desestabilização do país.
O ANC Governante, que registou uma queda acentuada de apoio eleitoral nas eleições locais do ano passado, enfrenta múltiplos escândalos de corrupção e divisões internas, preparando-se para realizar a sua conferência nacional electiva em Dezembro.