Adis Abeba - O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, exortou hoje os líderes beligerantes do vizinho Sudão, o chefe do exército Al-Burhan, e o comandante do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), Hamdan Dagalo, a resolver as suas diferenças pacificamente.
"Tive conversas telefónicas com o general Abdel Fattah al-Burhan e com o general Mohamed Hamdan Dagalo sobre a necessidade de resolver os diferendos de forma amigável e de trazer estabilidade ao Sudão", declarou Abiy, numa mensagem na rede social Twitter.
"O grande povo do Sudão merece a paz", acrescentou o primeiro-ministro, cujo país está a tentar mediar o conflito através da União Africana (UA) e de outros organismos regionais do continente.
Abiy falou com os dois líderes depois de o exército sudanês ter anunciado, quinta-feira à noite, um prolongamento de 72 horas da trégua que deveria expirar à meia-noite desse dia.
O objectivo é facilitar a retirada dos residentes estrangeiros apanhados no fogo cruzado do conflito que começou no dia 15 e garantir o acesso humanitário.
Segundo as forças armadas, o prolongamento da trégua foi mediado pelos Estados Unidos da América e pela Arábia Saudita para "acalmar a situação" no meio dos combates em curso entre o exército e as RSF (na sigla em inglês).
O Sudão entrou hoje no décimo quarto dia consecutivo de confrontos entre o exército e as RSF, um conflito que já fez mais de 500 mortos e mais de 4.000 feridos e obrigou milhares de sudaneses a deslocarem-se para zonas mais seguras do país ou a refugiarem-se em nações vizinhas como o Sudão do Sul, o Egipto ou o Tchad.
As duas partes envolvidas no conflito iniciaram hoje uma trégua de 72 horas mediada pelos Estados Unidos e a Arábia Saudita para facilitar a retirada de estrangeiros no Sudão e abrir corredores seguros para a entrada de ajuda humanitária.
Nos últimos dias, apesar de terem sido anunciadas tréguas, têm-se verificado combates de baixa intensidade.
Vários países já concluíram as operações de retirada dos seus cidadãos e pessoal diplomático no Sudão, mas outros continuam o processo por terra, mar e ar.
Pelo menos 512 pessoas foram mortas e 4.193 ficaram feridas desde o início dos combates, principalmente em Cartum e Darfur (oeste), divulgou na quarta-feira o Ministério da Saúde sudanês.
Os combates seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição.
Ambas as forças estiveram por trás do golpe conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão em Outubro de 2021. JM