Maputo - O Programa Alimentar Mundial (PAM) suspendeu desde quarta-feira a ajuda de emergência a mais de um milhão de pessoas afectadas pela violência armada no norte de Moçambique, devido à falta de fundos, disse hoje à Lusa fonte da organização.
"Apesar de todos os esforços para mobilizar recursos, novos fundos não foram recebidos a tempo e o PAM, infelizmente, será forçado a suspender, em Fevereiro, a assistência às pessoas afectadas pelo conflito", afirmou à Lusa fonte daquela organização.
O PAM avançou que está a distribuir as últimas reservas alimentares de Janeiro.
A fonte adiantou que a organização está determinada a retomar a ajuda no norte de Moçambique em Março, através da mobilização de apoios junto de parceiros.
"Ao todo, o PAM precisa de 102,5 milhões de dólares (93,2 milhões de euros), para continuar a apoiar as pessoas que mais precisam em Moçambique nos próximos seis meses. A maior parte destes fundos é para a assistência humanitária às pessoas afectadas pelo conflito", realçou.
A maioria dos beneficiários do apoio que será afectada com a suspensão do auxílio são deslocados que se refugiaram em zonas mais seguras na província de Cabo Delgado, palco de ataques armados desde Outubro de 2017, mas também serão atingidos pela medida famílias que fugiram para as províncias vizinhas de Nampula e Niassa.
"Devido à constante falta de fundos, o PAM distribuiu cestas alimentares reduzidas entre Abril e Novembro de 2022, satisfazendo 40% das necessidades calóricas diárias a cada pessoa", acrescentou.
Entre Dezembro e Janeiro últimos, que é o período de pico da época de escassez de alimentos antes da colheita, o PAM entregou cestas alimentares completas a mais de um milhão de pessoas afectadas pelo conflito, aumentando para 80% as calorias necessárias diariamente.
Apesar da suspensão, prosseguiu, a organização está empenhada em manter a assistência humanitária às pessoas mais vulneráveis no norte, incluindo os mais malnutridos: crianças, grávidas e mulheres em amamentação.
A decisão do PAM vai afectar a assistência humanitária de emergência, enquanto que o apoio aos pequenos agricultores, fornecimento de lanche escolar, expansão do programa nacional de protecção social e nutrição vão continuar em vários pontos do país, assegurou a fonte.
A província de Cabo Delgado está assolada por um conflito desde 2017 que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes têm protagonizado ataques, alguns dos quais reivindicados pelo Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 4.000 mortes (dados da organização ACLED) e pelo menos um milhão de deslocados, de acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas.