Kinshasa - A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional denunciou esta sexta-feira que dezenas de mulheres foram violadas por rebeldes do M23 durante uma série de ataques, entre 21 e 30 de Novembro, na República Democrática do Congo (RDC).
Com base nos depoimentos de 35 vítimas e testemunhas directas, a organização não-governamental (ONG) revela, em comunicado de imprensa, o que descreve como "crimes de guerra" e que na sua opinião podem constituir também "crimes contra a humanidade".
Segundo a Amnistia Internacional, os factos ocorreram principalmente na comuna de Kishishe, cerca de 100 quilómetros ao norte de Goma, capital do Kivu do Norte, com mais de um milhão de habitantes e hoje quase totalmente cercada pelos rebeldes.
As Nações Unidas, por sua vez, tinham dito na semana passada que Kishishe e os seus arredores foram palco de ataques no final de Novembro, em que pelo menos 171 pessoas foram mortas e 27 mulheres e meninas violadas pelo M23, como retaliação a uma ofensiva contra os grupos armados.
"Depois de assumir o controlo de Kishishe, os combatentes do M23 foram de porta em porta, matando todos os homens adultos que encontraram e sujeitando dezenas de mulheres à violação, incluindo violações colectivas", sublinhou a Amnistia.
Uma das vítimas de violações disse àquela ONG que tinha "contado até 80 corpos de homens mortos por soldados do M23" numa igreja.
O grupo rebelde, predominantemente tutsi, M23 voltou a pegar em armas no final de 2021, após quase uma década de exílio nos países vizinhos Rwanda e Uganda, tendo entre as suas principais reivindicações a eliminação das FDLR, grupo fundado no Congo por ex-líderes do genocídio de tutsis, em 1994, no Rwanda.
A RDC acusa o seu vizinho Rwanda de apoiar esses rebeldes, o que é corroborado por especialistas da ONU, dos Estados Unidos e de outros países ocidentais, embora Kigali negue.