Nova Iorque - As Nações Unidas condenaram hoje o "uso desproporcionado da força pela polícia" no sábado, em Kinshasa, durante uma manifestação da oposição, cujo candidato denunciou uma "deriva ditatorial" após ter sido impedido de se deslocar ao oeste do país.
A sete meses de uma eleição presidencial que promete ser tensa, a Conferência Episcopal Congolesa (Cenco) condenou na segunda-feira a "repressão desprezível e selvagem que as forças da ordem e as milícias suas cúmplices infligiram no dia 20 de Maio aos manifestantes, incluindo os menores encontrados no seu caminho".
A União Europeia também condenou o que classificou como "repressão violenta" e os Estados Unidos da América manifestaram a sua "preocupação" com os "indícios de uso desproporcionado da força pelas forças de segurança" da República Democrática do Congo (RDC).
A Missão das Nações Unidas na RDC (Monusco) também condenou "o uso desproporcionado da força pela polícia", tendo ainda saudado a "detenção dos agentes da polícia envolvidos no incidente contra um menor" e apelou às autoridades "para que respeitem o direito à liberdade de reunião e de manifestação pacífica".
Entretanto, a candidatura de Moïse Katumbi, um dos candidatos presidenciais da oposição, lamentou o facto de ter sido impedido hoje de se deslocar à província do Kongo Central (oeste), que tinha previsto visitar até ao final da semana.
Alegando razões de segurança, o governador da província tinha pedido ao candidato, na noite de segunda-feira, segundo a sua equipa, que adiasse as suas actividades por dois dias e as limitasse a um único local.
"Dissemos à polícia que não faríamos qualquer manifestação pública durante 48 horas", revelou à imprensa Olivier Kamitatu, porta-voz de Moses Katumbi.
Apesar desta garantia, a polícia não autorizou a passagem da caravana do candidato, que teve de dar meia volta e regressar a Kinshasa.
A oposição está a planear uma nova manifestação na quinta-feira em Kinshasa, em frente à sede da Comissão Eleitoral Nacional.
As eleições presidenciais estão marcadas para 20 de Dezembro e Felix Tshisekedi, no poder desde 2019, é candidato à reeleição.