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ONU afirma que risco de fome em África é “maior do que nunca”

     África              
  • Luanda • Segunda, 31 Outubro de 2022 | 14h23
Mapa de África
Mapa de África
Divulgação

Genebra - O risco de fome em África, especialmente nos países subsarianos, é "maior do que nunca", advertiu o novo director-geral da Organização Internacional do Trabalho, Gilbert Houngbo, que renunciou hoje (31) ao cargo de presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.

"Receio que nos próximos anos tenhamos de ver muito mais actividade humanitária nessa região para podermos alimentar o seu povo", afirmou Houngbo numa conferência de imprensa para discutir os efeitos da guerra na Ucrânia e outras crises no mercado de trabalho actual.

Além do aumento dos preços dos alimentos e das dificuldades com a Iniciativa dos Cereais do Mar Negro (um acordo de exportação suspenso na semana passada pela Rússia), o director-geral mencionou que existem também problemas de acesso aos fertilizantes.

"A falta de acesso a fertilizantes reduzirá a produção e as oportunidades de emprego em países onde a agricultura representa até 25% do PIB [Produto Interno Bruto] ", disse Houngbo, e acrescentou que as dificuldades do sector primário em África "aumentarão as desigualdades" entre países ricos e pobres.

Houngbo alertou, ainda, para as consequências que a crise alimentar pode trazer para a segurança da região. Nesse sentido, mencionou que muitos grupos terroristas recrutam os seus membros em áreas especialmente afectadas pelo desemprego e pela pobreza, como o é, por exemplo, Sahel.

Por outro lado, a crise actual pode servir, segundo o director-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência das Nações Unidas, e antigo presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), para reduzir a dependência de muitos países africanos das importações e apenas um ou dois fornecedores.

Houngbo, a quem o espanhol Alvaro Lario sucedeu como presidente do FIDA, deu como exemplo países como o Sudão, que antes da guerra importavam 30% dos seus cereais da Rússia e Ucrânia, celeiros tradicionais globais.



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